Testemunho (Andressa)

"Ninguém que tendo posto a mão no arado, e olha para tráz é apto para o Reino de Deus"
Pense, e cumpra sua missão, pois o tempo é agora, nunca deixe para amanhã o testemunho o pregar o falar de Deus pois o amanhã pode ser muito tarde, Pense nisso. Assista a este vídeo!!



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O tempo não para

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Prova de amor

Abril 2009

01 de abril: Dc. Diego e Dc. Leandro
04 de abril: Dc. Livre
05 de abril: Dc. Daniel e Dc. João
08 de abril: Dc. Daniel e Dc. João
11 de abril: Dc. João
12 de abril: Dc. Cícero e Dc. Diego
15 de abril: Dc. Cícero e Dc. Diego
18 de abril: Dc. Cícero
19 de abril: Dc. Rogério e Dc. Leandro
22 de abril: Dc. Rogério e Dc. Leandro
25 de abril: Dc. Rogério
26 de abril: Dc. Júlio e Dc. Daniel
29 de abril: Dc. Júlio e Dc. Daniel

Acorda nação Cristã!!!




Igreja se vocês acham que fazem a vontade de Deus, então assista o vídeo que está em nosso blog, a respeito de missões e após este vídeo tome suas conclusões, saia da sua cadeira, saia da sua vida monótona, saia do seu marasmo, cumpra, obedeça, ame, evangelize, se converta, se entregue ao Senhor, assuma o seu posto de ministros do evangelho e cumpra sua maior missão neste mundo "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura", " Se a nossa fé se limita apenas a este mundo somos os mais infelizes de todos os homens", pensa reflicta, isto não é uma brincadeira, é sério, escute teu chamado, pense nisso!!!! [Clique aqui para o vídeo]+

Missões um ato de amor

Vídeos (pregações e documentários)

Arca de Noé
Missões um ato de amor
Prova de amor
O tempo não para
Testemunho de Andressa
Com Deus não se brinca
João 3:16
Aborto
Testemunho Miki
Vídeo testemunho Niki Vujicik
Obama e sua visão do Cristianismo
Um telefonema especial

Arca de Noé

Imagem que mostra um pouco do poder e da veracidade da palavra de Deus a arca de Noé.

Igreja Presbiteriana Betânia


Nós por meio deste site, procuramos alcançar com a benção de Nosso Senhor, não só a confinça de nossos membros mas o carinho, o efeto, e a credibilidade de quem não faz ainda parte de nosso meio, convidamos você que não é evangélico e até mesmo você que é, que nos faça uma visita, venha conferir as maravilhas que Deus está fazendo em nossa igreja, venha participar conosco da maravilhosa graça de podermos ser chamados de filhos de Deus. "Alegra-te jovem nos dias da tua mocidade" "Eis que estou a porta e bato se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo" "Pois Deus amou oi mundo de tal maneira que deu seu único Filho, para todo aquele que nele crêr não pereça mas tenha a vida eterna". Aproveite o dia é agora, venha participar conosco, se você tem problemas, tristezas, amargor, venha e seja restituido por Deus atravéz de Seu Santo Espiríto. Nossos trabalhos são de quartas-feiras às 19:30 horas e aos domingos às 9:00 hs e às 19:00 hrs, não perca venha e tenha sua vida transformada.

Datas oficiais IPB



DATAS OFICIAIS COMEMORADAS PELA IPB


Janeiro

01 a 08 - Semana Universal de Oração 01 - Dia Mundial da Paz 07 - Dia da liberdade de cultos 21 - Dia Mundial da Religião



Fevereiro

1º domingo - Dia do Homem Presbiteriano 2º domingo - Dia da Mulher Presbiteriana



Março

05 - Dia Mundial da Oração 10 - Primeiro culto protestante no Brasil11 - Dia da educação cristã21 - Paixão de Cristo23 - Páscoa27 - Dia da Casa Editora Presbiteriana



Abril





Maio

2º domingo - Dia das Mães 3º domingo - Dia Nacional do Jovem Presbiteriano



Junho

08 - Aniversário do Jornal Brasil Presbiteriano 12 - Instalada a Sociedade Bíblica no Brasil



Julho

1 à 31 - Mês dos pastores jubilados e viúvas de pastores 9 - Dia do Diácono 4º domingo - Dia Nacional do Adolescente Presbiteriano



Agosto

05 - Dia do Presbítero 12 - Dia do Presbiterianismo Nacional e Dia das Missões 2º domingo - Dia dos pais



Setembro

8 - Dia dos seminários e seminaristas 3º domingo - Dia da Escola Dominical



Outubro

11 - Dia da SAF em Revista 12 - Dia das crianças e dia nacional da criança presbiteriana 31 - Dia da Reforma Protestante



Novembro

1 - Dia do Evangélico 5 - Circula pela primeira vez o Imprensa Evangélica, primeiro jornal religioso do País 11 - Dia Nacional da SAF 15 - Dia da proclamação da República 22 - Dia Nacional de Ações de Graças 30 - Dia do Teólogo



Dezembro

08 - Dia Nacional da Família 2º domingo - Dia da Bíblia e da Mulher de Pastor 17 - Dia do Pastor 25 - Natal

Estudos gerais

O que é graça?

O que é graça?



O que é graça?


Graça

Por: Rev. Alcindo Almeida


"Pela graça (pelo favor imerecido por parte de Deus) fostes salvos, por meio da fé. e isso não vem de vós, é dom de Deus: não vem das obras (ou merecimentos) para que ninguém se glorie (se encha de orgulho). Pois somos criaturas dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras que Deus já antes tinha preparado para que nelas andássemos". (Ef. 2: 8, 9) Deus tem uma aliança conosco. Aliança que jamais é rompida, anulada, terminada. Mesmo que nós falhemos para com Deus no cumprimento dela, ele não acaba. Sabem porquê? Por causa de uma palavra chamada de graça. Mas, o que é graça? Graça pode ser definida "como o favor eterno e totalmente gratuito de Deus manifestado na concessão de bênçãos espirituais e ternas às criaturas culpadas e indignas. A graça é a concessão de favores a quem não tem mérito próprio, e pelos quais não se exige compensação alguma da parte do homem". Graça é Deus dar ao pecador aquilo que ele não merece, ou seja, a salvação. Graça é favor imerecido dado por Deus. Quando Deus é bondoso, ele revela a sua bondade que chamamos de graça. Não podemos esquecer de que esta graça só é dada para aqueles que Deus amou de maneira especial. Ela não é manifestada a humanidade toda no sentido de salvação. Ela é somente para os escolhidos de Deus. É exatamente por causa desta graça especial que Deus não rompe conosco, não cessa a sua aliança. Esta graça que é eterna foi idealizada antes de ser manifesta aos homens. Ela foi proposta antes de ser comunicada a eles (II Tm. 1:9). Esta graça que é soberana, que reina, por isso encontramos o texto de Hb. 4:16 " o trono da graça" é dada para que sejamos escolhidos por Deus (Rom. 11:5-6); para que sejamos regenerados (Gl. 1:6; I Pe. 3:7); para que sejamos santificados ( I Pe. 5:10); para que entremos na glória de Deus ( I Pe. 5:10); para que sejamos edificados pela Palavra de Deus (Atos 14:3; 20:32); para que recebamos consolação e socorro ( II Ts. 2:16-7; Hb. 4:16). E para que por fim nós glorifiquemos ao Senhor Jesus (II Ts. 1:12). Esta graça abundante de Deus, deve nos levar a uma vida mais próxima, a uma vida mais comprometida com ele. A uma vida de maior louvor por sua bondade em nos salvar sem haver absolutamente nenhum mérito em nós. Louvado seja o nome do Senhor por esta graça tão especial em nossa vida !

O valor da família (1ª lição)

O Valor da Família

Pr. Elinaldo Renovato de Lima

INTRODUÇÃO

Estudar sobre o valor da família é de muita importância para nós, pois, de uma forma ou de outra, nascemos numa família. Com exceção daqueles que são fruto da marginalidade, cada um de nós vem de uma família, seja pobre ou rica, desconhecida ou famosa, pequena ou grande, evangélica ou não. A família é a base de nossa vivência. Dela nascemos e dela dependemos na maior parte da existência. Isso é plano de Deus. Meditemos um pouco sobre o assunto.

1. PROJETO DE DEUS

1.1. O HOMEM NÃO TERIA CRIADO A A FAMÍLIA

O homem, na sua origem, talvez não criasse a família. Não saberia como fazê-lo. Depois da Queda, podemos ter certeza de que o homem jamais buscaria criar uma organização que haveria de lhe impor limites e regras de convivência, contrariando seus instintos pecaminosos e egoístas. Deus só fez u'a mulher para o homem e, mesmo assim, há uma tendência à poligamia ou ao adultério masculino e feminino.

1.2. ORIGEM DIVINA PAI - MÃE – FILHOS

A família é uma instituição divina. Ela é tão importante, que foi criada antes da Igreja, antes do Estado, antes da nação. Deus não fez o homem para viver na solidão. Quaando acabou de criar o homem, Adão, o Senhor disse: "Não é bom que o homem esteja só. Far-lhe-ei uma adjutora, que esteja como diante dele" (Gn 2.18). Deus tinha em mente a constituição da família, mas esta não está completa só com o casal. Por isso, o Senhor previu a procriação, dizendo: "Crescei e multiplicai-vos e enchei a terra (Gn 1.27-28). Fica mais clara a origem da família, quando lemos: "Portanto, deixará o homem seu pai e e sua mãe e se unirá à sua mulher e serão ambos uma só carne" (Gn 2.24). "O homem" aí é o filho, nascido de pai e mãe. Deus fez a família para que o homem não vivesse na solidão (Sl 68.6; 113.9).

1.3. ATAQUES À FAMÍLIA

Por ser de origem divina, o inimigo tem atacado a família de maneira implacável. As tentações aos pais de família,principalmente na área do sexo e do mau relacionamento com os filhos tem sido constante; os ataques aos filhos, lançando-os contra os pais; dos pais contra os filhos; o problema das drogas, do sexo ilícito, da pornografia, de outros vícios, do homossexualismo.

2. ORIGEM DO LAR

2.1. CONCEITO

A palavra lar vem de lare (Latim), significando, etimologicamente, " a parte da cozinha onde se acende o fogo"; "a família"(fig.). Certamente, isso dá idéia de lugar íntimo, aconchegante. Daí, vem a palavra "lareira", onde a família se reunia para conversar, ao redor do fogo, principalmente nas noites e dias frios. Podemos dizer que o lar é o ambiente em que convive uma família. Hoje, a TV tem prejudicado a reunião da família. É um verdadeiro "altar".

2.2. CONDIÇÕES PARA QUE HAJA UM LAR

Um lar não é apenas uma casa, uma construção. Alguém pode morar numa pensão, num hotel, num quarto isolado, sem que possa dizer que vive num lar. Para que haja um lugar que possa ser chamado lar, deve haver algumas condições, tais como:
1) AMOR
2) HARMONIA
3) PAZ
4) RELACIONAMENTO SAUDÁVEL

2.3. O PRIMEIRO LAR
O primeiro lar foi criado por Deus. Era maravilhoso. Nele, antes da queda, havia amor; havia paz, união, saúde, alegria, harmonia, felicidade e comunhão com Deus. A vida não era de ociosidade, pois Deus colocou o homem no Jardim "para o lavrar e guardar" (Gn 2.15). Mas o trabalho era suave. Não havia desgaste físico e emocional, como se conhece hoje.Havia trabalho mas em compensação não havia doenças, nem dor, nem tristeza nem morte.

2.4. A PRESENÇA DE DEUS NO PRIMEIRO LAR
Diariamente, "....Deus,... passeava no Jardim,pela viração do dia...(Gn 3.8a). Era maravilhoso ouvir a voz de Deus diretamente de sua boca, contemplando Sua face. Hoje, mais do que nunca, é necessidade vital a presença de Deus nos lares cristãos.

2.5. INTEFERÊNCIA DO MAL - A QUEDA DA FAMÍLIA

O homem podia comer de todas as milhares de árvores que havia no Jardim (inclusive da Árvore da Vida), exceto da "árvore da ciência do bem e do mal" (Gn 3.2-3). Tentado pelo diabo, o casal caiu, trazendo toda sorte de males para a família, inclusive a morte, que passou a todos os homens (Rm 5.12). Atualmente, a história se repete. Por ouvir a voz do "outro" , muitas famílias sofrem terrivelmente.

2.6. A REDENÇÃO DA FAMÍLIA

Deus, que ama tanto a família, previu sua redenção ANTES da fundaçào do mundo (1 Pe 1.19-20). A primeira pessoa a ser tentada foi a mulher. E Deus ama tanto a mulher que prometeu a redenção da raça humana através " da semente da mulher" (Gn 3.15). Na "plenitude dos tempos, Jesus veio ao mundo, "nascido de mulher" (Gl 4.4.) para redimir a humanidade.

3. JESUS E A FAMÍLIA

Nosso Senhor Jesus Cristo valorizou a família. Veio ao mundo através de uma família. Além de pais, teve irmãos e irmãs (Mt 13.55-57). Teve seu crescimento físico, social, intelectual e espiritual no seio da família (Lc 2.52). No seu ministério, não costumava a hospedar-se em hotéis, mas desfrutava da hospitalidade de um lar (Mt 8.14; Lc 10.38-42). Em muitos milagres, demonstrou seu cuidado para com a família (Mt 8.14-15; Lc 7.12-16). Seu primeiro milagre foi realizado numa festa de casamento (Jo 2.12). Ensinou-nos a orar, chamando Deus de"Pai Nosso"(Mt 6.9). Enfatizou o quarto mandamento, mandando honrar pai e mãe (Mt 15.3-6; Mc 7.10-13). Teve um trato especial com as crianças, abençoando-as (Mc 10.13-16).

4. O RELACIONAMENTO FAMILIAR NA BÍBLIA

4.1. CONFLITOS NO LAR.

A bíblia nos mostra que os conflitos fazem parte da vida. Jesus disse: "no mundo tereis aflições..."(Jo 16.33b). Ele previu os problemas de relacionamento: "E assim os inimigos do homem os seus familiares" (Ver Mt 10.34-37).Sabendo que a família tem origem divina e é valorizada na Bíblia, precisamos entender e praticar o relacionamento cristão, a fim de que o inimigo da família não nos leve à queda como no princípio.

4.2. COMO CONVIVER COM OS CONFLITOS

4.2.1.PRINCÍPIOS PARA OS PAIS

1) Ensinar a Palavra de Deus aos filhos no lar (Dt 11.18-21);
2) Ensinar o valor da oração aos filhos;
3) Realizar o culto doméstico (Gn 12.5-7)
4) Ensinar o valor da Igreja (Hb 12.23; Ap 21.9);
5) Preparar os filhos para a vida (Lc 2.52);
6) Ser afetivo com os filhos (1 Pe 3.8;4.8);
7) Não provocar a ira aos filhos (Ef 6.4);
8) Cuidar dos filhos, dando tempo para eles (l Tm 5.8).
Praticando esses princípios ou orientações, os pais evitam ou amenizam os conflitos no lar. 4.2.2.PRINCÍPIOS PARA OS FILHOS
1) Os filhos são herança do Senhor (Sl 127.3);
2) Os jovens devem guardar a Palavra de Deus para não pecarem (Sl 119.9-11); 3) Os jovens devem obedecer e honrar pai e mãe (mesmo que não sejam crentes), PARA SEREM FELIZES NA TERRA; Ef 6.1-3;Cl 3.20; Exemplo dos filhos dos recabitas (Jr 35.1-6)
4) Os jovens devem ser sujeitos aos mais velhos (1 Pe 1.5a);
5) Os jovens devem ser sujeitos uns aos outros (evita briga entre irmãos) (1 Pe 5.5b);
6) Os jovens devem ser humildes (Deus resiste aos soberbos): 1 Pe 5.b; Deus exalta (1 Pe 5.6)
7) Os jovens devem lançar sobre o Senhor suas ansiedades (1 Pe 5.7; Sl 55.22; Sl 37.5);
8) Os jovens devem ser sóbrios (simples, modestos, não exagerados): 1 Pe 5.8a; A desobediência a esses princípios resulta em conflitos desnecessários, tornando-nos culpados diante de Deus.

4.3. SUBMISSÃO À PALAVRA DE DEUS

Para viverem bem em família, os seus integrantes (pais e filhos) precisam submeter-se à Palavra de Deus, como servos (Mt 20.25-28), temer a Deus e andar nos seus caminhos ( Sl 128)

4.4. SUBMISSAO AO ESPÍRITO SANTO

Só a submissão ao Espírito Santo faz com que o crente obedeça à Palavra de Deus. Os membros da família precisam demonstrar o Fruto do Espírito em seu relacionamento , conforme Gl 5.22-23. Pastores ou membros da igreja, filhos ou pais, esposos e esposas, todos sem exceção precisam viver dando fruto do Espírito. No texto acima, temos a Fórmula do Bom Relacionamento Cristão (BRC): BRC= f (A, G, P, L, B, B, F, M, T.) Os pais devem ser companheiros dos filhos e não seus ditadores. Uma boa regra é ter FIRMEZA com AMOR. Por outro lado, os filhos devem obedecer aos seus pais e honrá-los, "pois é mandamento com promessa"; hoje, no meio da milenar rebelião contra Deus, há filhos que não honram os pais. Isso satisfaz ao inimigo do lar. É necessário muita oração, adoração a Deus no lar, para que os conflitos sejam motivo de crescimento e maturidade e não de confrontos e contendas. O CULTO DOMÉSTICO não elimina os conflitos, mas ajuda a enfrentá-los como cristãos e a superá-los para a glória de Deus.

5. SARANDO AS FERIDAS

No relacionamento entre os membros da família, muitas vezes surgem atritos e problemas, que deixam verdadeiras feridas na alma, mais difíceis de sarar do que as feridas no corpo. Mas a Bíblia tem o tratamento para elas.

5.l. É PRECISO RECONHECER OS PROBLEMAS NO RELACIONAMENTO

Não adianta guardá-los. A Bíblia diz: "Não se ponha o sol sobre a vossa ira..."(Ef 4.26). 5.2. SE OFENDEMOS, PRECISAMOS PEDIR PERDÃO. É difícil, mas é indispensável para sarar as feridas interiores. O pai precisa pedir perdão ao filho quando errar e o filho pedir perdão ao pai, quando o ofender. É o caminho para a vitória.

5.3. QUANDO SOMOS OFENDIDOS: PRECISAMOS PERDOAR.

É mais difícil, ainda, mas é o único caminho para ficar livre dos aguilhões do ressentimento, da mágua, do rancor. Quem não perdoa paga um alto preço. A TENSÃO EMOCIONAL age como um um inimiho da saúde, provocando, dentre outras coisas: úlceras do estomago e intestinos; pressão alta; colite; problemas no coração; distúrbios mentais; doenças renais; dores de cabeça; diabetes; artrite e outras muitas. É preciso perdoar os familiares (e até os inimigos). Mt 5.44. Não convém dar lugar à "raiz de amargura" (Hb 12.15).

5.4. RESULTADOS DO PERDÃO

1) As feridas são saradas. O perdão é um bálsamo, um refrigério para a alma; dá alívio e paz ao coração.
2) O perdão verdadeiro libera o ofendido da mágoa. O ofensor fica com Deus (Perdão não é absolvição).
3) O perdão verdadeiro dá saúde à mente e ao corpo;
4) Deus é glorificado e o inimigo derrotado.

6. CONCLUSÃO
No relacionamento entre os membros da família cristã, é importante que todos dêem lugar à presença de Deus, vigiando para que o inimigo não encontre brecha para atuar entre eles. Oração e jejum; leitura da bíblia diária; culto doméstico; a prática do Fruto do Espírito, principalmente do amor, da longanimidade, da benignidade, da bondade e da temperança, são garantia certa contra as desavenças e conflitos no lar. Que Deus nos abençoe que possamos colocar em prática o que nos orienta a Sua Palavra para a família e o lar.

Crescimento espiritual no lar

O valor da família
Crescimento espiritual no lar

Quem é este?


Quem é este?


Nesta lição, completaremos o
estudo do “dia agitado” de
Jesus—aquele dia que começou com as acusações
blasfemas dos fariseus e que terminou com a retirada
de Jesus para a margem oriental do mar da Galiléia.
O tema desta lição encontra-se nas palavras
dos discípulos, quando Cristo acalmou a tempestade:


“Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”


(Marcos 4:41; veja Lucas 8:25; Mateus 8:27). A
pergunta “quem é este?” ecoou por todo o ministério
de Jesus—indicando como era difícil as pessoas
compreenderem quem Ele realmente era. Quando
Cristo curou o homem que desceu pelo telhado, os
fariseus perguntaram:


“Quem é este que diz blasfêmias?”


(Lucas 5:21). Quando Jesus perdoou a mulher
que lavou os Seus pés com lágrimas, os outros
convidados perguntaram: “Quem é este que até perdoa
pecados?” (Lucas 7:49). Quando um relatório
das atividades de Cristo chegou ao rei Herodes, ele
perguntou: “Quem é, pois, este a respeito do qual
tenho ouvido tais coisas?” (Lucas 9:9). Quando Jesus
fez Sua entrada triunfal em Jerusalém, “toda a
cidade se alvoroçou, e perguntavam: Quem é este?”
(Mateus 21:10). Esta lição destacará três ocasiões em
que Cristo deixou seus espectadores perplexos.


“QUEM É ESTE QUE ACALMA A
TEMPESTADE?”


(Mateus 8:18, 23–27; Marcos 4:35–41;
Lucas 8:22–25)
Na lição anterior, falamos sobre “o primeiro
grande grupo de parábolas”. Segundo Mateus, “tendo
Jesus proferido estas parábolas, retirou-Se dali”
(Mateus 13:53) . Marcos relatou que Jesus partiu
para a margem oriental do mar da Galiléia: “Naque-
Jesus acalmou pelo menos duas tempestades. Esta foi
a primeira.
Nesta altura da narrativa, Mateus falou dos candidatos
a discípulo (Mateus 8:19–22). Lucas registrou o mesmo incidente
ou um semelhante muito depois, em Lucas 9:57–62.
le dia [o dia em que Ele falou por parábolas (Marcos
4:34)], sendo já tarde , disse-lhes Jesus: Passemos
para a outra margem” (4:35). Esta é a primeira de
quatro travessias registradas sobre Cristo passando
para a outra margem do mar. Marcos escreveu: “E
eles, despedindo a multidão, o levaram assim como
estava, no barco” (4:36a)—ou seja, partiram imediatamente,
sem preparação e sem provisões. E Marcos
acrescentou: “outros barcos o seguiam” (4:36b).
Esses barcos podem ter sido arrastados para junto
do barco em que Jesus estava (4:1) a fim de permitir
que mais pessoas O ouvissem. Talvez esse detalhe
tenha sido inserido para mostrar que havia outras
testemunhas da tempestade que se levantou e depois
cessou rapidamente.
A razão de Cristo fazer essa travessia era descansar
um pouco da multidão (veja Mateus 8:18;
Marcos 4:36). Embora Ele fosse totalmente divino,
Ele também era totalmente humano e aquele “dia
agitado” O deixara exausto; por isso, logo caiu no
sono (Lucas 8:23). Marcos observou que “Jesus estava
na popa, dormindo sobre o travesseiro…” (Marcos
4:38). A popa era a parte traseira do barco, onde
havia mais espaço. “O travesseiro” provavelmente
era uma espécie de capa para cadeiras, talvez uma
pele de animal que podia ser enrolada para servir
de travesseiro. J. W. Shepard escreveu o seguinte:
Esperaremos até chegarmos a Lucas 9 para estudar esse episódio.
“Tarde” é um termo flexível. Poderia ser início ou fim
de tarde. Quando finalmente chegaram à outra margem, um
endemoninhado os viu de longe (Marcos 5:6). Talvez tenham
saído no início da tarde e ainda não estava escuro quando
chegaram ao outro lado. Talvez tenham saído de tardezinha
e, por conta da tempestade, levaram a noite toda para atravessar,
chegando lá na manhã seguinte. A primeira possibilidade
é mais provável.
Já comentamos a respeito do mistério da encarnação
antes (veja a lição “Cristo Está Chegando!”, na edição “A
Vida de Cristo—Parte 2”, desta série).


“Quem é este?”


Leitura Bíblica 13
V. DA SEGUNDA À TERCEIRA PÁSCOA (continuação).
P. Acalmando a tempestade (Mateus 8:18, 23–27; Marcos 4:35–41;
Lucas 8:22–25).
Q. Curando dois endemoninhados (Mateus 8:28–34; 9:1; Marcos
5:1–21; Lucas 8:26–40).
R. Comendo com pecadores (e um discurso sobre jejum) (Mateus
9:10–17; Marcos 2:15–22; Lucas 5:29–39).
Fraqueza, cansaço e esgotamento dominaram o
físico do Jesus humano, e ele Se deitou imerso
em profundo sono, abanado pela brisa do lago
e embalado pelo suave movimento rítmico do
barco…. Perto dEle, os discípulos conversavam
em volume reduzido sobre os acontecimentos
do dia, enquanto outros manejavam silenciosamente
as velas e guiavam a embarcação flutuante
sobre as águas plácidas.
A distância, por mar, de Cafarnaum até “a terra
dos gerasenos” era de apenas alguns quilômetros .
Sob circunstâncias favoráveis, a viagem podia ser
feita em duas ou três horas.
Essa viagem não foi realizada sob circunstâncias
favoráveis. Não demorou muito para se formar
uma tempestade: “E eis que sobreveio no mar uma
grande tempestade”, “uma tempestade de vento no
lago” (Mateus 8:24; Lucas 8:23a). As ondas “se arremessavam
contra o barco, de modo que o mesmo
já estava a encher-se de água” (Marcos 4:37). E corriam
“o perigo de soçobrar” (Lucas 8:23).
O mar da Galiléia até hoje está sujeito a tempestades
repentinas. E fica mais de duzentos metros
abaixo do nível do mar, sendo cercado por terrenos
montanhosos. Quando o ar frio invade as encostas
das montanhas em direção ao lago, em questão de
minutos a superfície calma pode se transformar
numa porção de ondas espumantes e turbulentas.
Alguns dos tripulantes eram pescadores e, sem
dúvida, haviam visto muitas tempestades naquele
mar. O fato de até eles estarem amedrontados indica
que aquela não era uma tempestade comum.
Enquanto o barco era lançado pelas ondas, Jesus
continuava dormindo. Poderíamos perguntar:
“Quem é este que consegue dormir durante uma
tempestade?” A primeira resposta poderia ser: “É
um Homem totalmente exausto”. Uma resposta
mais completa seria “um Homem exausto que confia
no Seu Deus”.
Jesus não ficou preocupado com a tempestade,
mas Seus discípulos ficaram. Os escritores sinóticos
registraram “um balbuciar de vozes confusas”
: “Chegando-se a ele, despertaram-no dizendo:
J. W. Shepard, The Christ of the Gospels (“O Cristo dos
Evangelhos”). Nashville: Parthenon Press, 1939), p. 232; citado
em H. I. Hester, The Heart of the New Testament (“O Coração
do Novo Testamento”). Liberty, Mo.: Quality Press, 1963,
p. 148.
Veja o mapa da região em torno do mar da Galiléia na
página 15 da edição “A Vida de Cristo—Parte 3”, desta série.
J. W. McGarvey e Philip Y. Pendleton, The Fourfold
Gospel or A Harmony of the Four Gospels (“O Evangelho Quádruplo
ou Harmonia dos Quatro Evangelhos”). Cincinnati:
Standard Publishing Co., 1914, p. 343.
Mestre, Mestre, estamos perecendo!” (Lucas 8:24);
“…vieram acordá-lo, clamando: Senhor, salva-nos!
Perecemos!” (Mateus 8:25); “…eles o despertaram
e lhe disseram: Mestre, não te importa que pereçamos?”
(Marcos 4:38).
Não sabemos ao certo o que esperavam que Jesus
fizesse. Nunca tinham visto o Mestre acalmar
uma tempestade, e aparentemente ficaram surpresos
quando Ele acalmou aquela (Mateus 8:27; Marcos
4:41; Lucas 8:25). Talvez fossem como um filho
amedrontado que grita aos pais: “Façam alguma
coisa!”—embora ele mesmo não faça idéia do que
seria fazer “alguma coisa” .
Os discípulos estavam aterrorizados, mas Cristo
não. Primeiro Ele repreendeu os discípulos: “Por
que sois tímidos, homens de pequena fé?” (Mateus
8:26a) . A NVI diz: “Por que vocês estão com tanto
medo…?” A seguir, Jesus “repreendeu o vento
e a fúria da água”: “Acalma-te, emudece!” (Lucas
8:24b; Marcos 4:39a). As ondas “cessaram”; “o vento
se aquietou e fez-se grande bonança” (Lucas 8:24;
Marcos 4:39b). A calmaria instantânea tanto do vento
como das ondas foi um milagre duplo, pois o normal
seria a superfície da água continuar agitada por
um tempo, mesmo após o vento cessar.
Os discípulos de Jesus haviam visto tempestades
virem e irem no mar da Galiléia, mas nunca
haviam visto nada igual àquilo. Maravilhados10, eles
indagaram: “Quem é este…?” (Mateus 8:27); “Quem
é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe
obedecem?” (Lucas 8:25b). A resposta à pergunta
deles é: “um Homem de poder” (veja Lucas 4:14;
5:17; 6:19; 8:46; 1 Coríntios 5:4; 2 Coríntios 12:9).
Esta história tem aplicações para você e para
mim. Todos nós temos sido levados pelas tempestades
da vida. Às vezes, como os discípulos, permitimos
que nossa fé vacile e indagamos: “Mestre, não
te importa que pereçamos?” (Marcos 4:38). Precisamos
lembrar que Ele pode acalmar a tormenta no
peito do cristão com a mesma facilidade com que
acalmou as ondas da Galiléia11.
Também é possível que eles só quisessem que Jesus
estivesse tão preocupado quanto eles. A maioria de nós gosta
de companhia quando está preocupa.
Marcos e Lucas registraram a repreensão (ou uma segunda
repreensão) após a tempestade ser acalmada (Marcos
4:40; Lucas 8:25).
10 Por vários motivos, alguns milagres afetaram certas
pessoas mais profundamente que a outras.
11 Se quiser, faça uma pausa para cantar ou apenas ler o
cântico “Sossegai”, Salmos, Hinos e Cânticos Espirituais, nº 62.
São Paulo: Editora Vida Cristã, 1ª ed., 1976.


“QUEM É ESTE QUE CURA CORPOS E
ALMAS?” (Mateus 8:28–34; Marcos 5:1–21;
Lucas 8:26–40)


Finalmente, Jesus e os discípulos chegaram ao
destino deles na margem oriental do mar. Mateus
disse que eles chegaram “à terra dos gadarenos”
(Mateus 8:28) e Marcos e Lucas denominaram a região
de “terra dos gerasenos” (Marcos 5:1; Lucas
8:26)12. Gerasa (também conhecida como Gergesa)
era um povoado na praia oriental do mar. Toda a região
era governada por Gadara, alguns quilômetros
ao Sudeste. O local, portanto, era conhecido tanto
por “terra dos gerasenos” como por “terra dos gadarenos”
13.
Se o desejo de Jesus era descansar naquele local
isolado, esse descanso Lhe foi negado; pois Ele foi
recebido por um estranho comitê de boas-vindas.
“Tendo ele chegado à outra margem, à terra dos gadarenos,
vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados,
saindo dentre os sepulcros” (Mateus 8:28a)14.
Mateus falou de dois endemoninhados, enquanto
Marcos e Lucas se concentraram no endemoninhado
mais notório dos dois15.
Quando Jesus começou a expulsar os espíritos
malignos dos dois homens, os demônios pediram
permissão para entrar numa manada de porcos16
que pastava numa encosta próxima17. Quando os
demônios entraram nos porcos, estes ficaram enlouquecidos,
desceram a encosta correndo e se precipitaram
em direção ao mar morrendo afogados.
Anos atrás, John S. Sweeney estava participando
de um debate com um pregador denominacional sobre
a forma de se realizar o batismo: se o Novo Testamento
ensina que o batismo deve ser por imersão
ou por aspersão. O pregador denominacional assumiu
a posição extrema de que não havia exemplos
de imersão no Novo Testamento. Numa tentativa
cômica, ele disse: “Bem, tem sim um caso de imersão
no Novo Testamento”—e referiu-se à história
dos dois mil porcos que afundaram no mar. Quan-
12 A ERC inverte os dois termos, mas essa diferença não
é tão importante.
13 Os críticos da Bíblia classificaram isto como “uma contradição”
até que as ruínas de “Kherasa” (ou seja, Gerasa)
foram descobertas.
14 Veja um estudo mais completo sobre esse incidente,
especialmente do ponto de vista do endemoninhado mais
conhecido, no sermão após esta lição.
15 Esta é uma ocorrência comum nos relatos do evangelho.
16 Veja as especulações sobre o motivo desse pedido no
sermão após esta lição.
17 A um quilometro e meio das ruínas de Kherasa (veja a
nota de rodapé 13) há um monte que avança até o mar.
do o irmão Sweeney subiu à plataforma, ele replicou:
“Sim, esse foi um caso de imersão—e porque o
diabo perdeu seu bacon no negócio, ele tem tentado
modificar a forma de batismo desde então!”18
Quando o povo daquela terra soube o que havia
acontecido, imploraram que Cristo fosse embora.
(Ficaram com medo de perder mais animais, suponho
eu.) Quando Jesus estava pronto para ceder ao
pedido deles, um dos homens curados pediu para ir
com Ele (Marcos 5:18). Jesus respondeu: “Vai para
tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o
Senhor te fez e como teve compaixão de ti” (Marcos
5:19).
Podemos questionar por que Jesus mandou
aquele homem partilhar o que havia acontecido,
quando a outros mandou que nada dissessem (Marcos
1:43, 44). Uma razão pode ser o fato dessa cura
ter ocorrido além da esfera de influência dos fariseus
e escribas. Seria menos provável que a publicidade
naquela região incitasse a animosidade de
Seus adversários. Outra possível razão é que, vendo-
Se obrigado a ir embora antes de pregar, Jesus
quis deixar uma testemunha naquele lugar.
O homem fez o que o Senhor lhe pedira: “Então,
ele foi e começou a proclamar em Decápolis19 tudo o
que Jesus lhe fizera; e todos se admiravam” (Marcos
5:20). A conseqüência disso foi Jesus ter uma recepção
mais favorável na próxima vez em que foi àquela
província (Marcos 7:31–37).
Essa história é impressionante e emocionante.
Visualizada em nossas mentes, ela nos leva a perguntar:
“Quem é este que alcança os não amados,
que cura corpos e mentes?” A resposta é: “um Homem
com sentimento”.
Aprendamos com este relato que Jesus ama a todos.
Você acha que Jesus nunca poderia amá-lo por
causa de quem e do que você é? Lembre-se daqueles
homens sujos, maltrapilhos e selvagens emergindo
da escuridão diante de Cristo. Jesus os amou—e Ele
ama você também! (Veja Apocalipse 1:5.)
18 Esta história foi adaptada de minhas anotações das
aulas do irmão J. W. Roberts sobre a vida de Cristo. Earl West
alistou o irmão Sweeney entre os debatedores mais bem conhecidos
dos seus dias (Earl I. West, The Search for the Ancient
Order, vol. 4, A History of the Restoration Movement 1919–1950
(“História da Restauração 1919–1950”). Germantown, Tenn.:
Religious Book Service, 1987, p. 214.
19 “Decápolis” era “a região das dez cidades”. Veja o
mapa na página 37.
“QUEM É ESTE QUE COME COM
PECADORES?” (Mateus 9:1, 10–17;
Marcos 2:15–22; Lucas 5:29–39)
Quando o povo de Gerasa20 pediu que Jesus
fosse embora, “entrando… [Ele] num barco, passou
para o outro lado e foi para a sua própria cidade”
(Mateus 9:1). Ou seja, Ele voltou para Cafarnaum.
Ali grandes multidões foram ao Seu encontro (veja
Marcos 5:21; Lucas 8:40). É difícil precisar o que
aconteceu em seguida. Não muito depois de voltar,
Jesus ressuscitou a filha de Jairo (Mateus 9:18–26;
Marcos 5:22–43; Lucas 8:41–56). Estudaremos esse
incidente na próxima lição, mas queremos concluir
esta lição com uma história inserida por Mateus a
esta altura da narrativa21. Depois de registrar seu
chamado para o discipulado, Mateus falou de um
banquete que ele mesmo ofereceu em homenagem
a Cristo. Todos os escritores dos evangelhos sinóticos
escreveram sobre esse evento, uma reunião que
resultou em muitas críticas contra o Convidado de
honra.


Crítica nº 1: Comer com Pecadores


“Então, lhe ofereceu Levi [ou seja, Mateus] um
grande banquete em sua casa” (Lucas 5:29a). Naturalmente,
Mateus convidou seus velhos amigos e
ex-sócios. A casa logo ficou cheia de coletores de impostos
e outros rejeitados da sociedade: “…estavam
juntamente com ele e com seus discípulos muitos
publicanos e pecadores; porque estes eram em grande
número e também o seguiam” (Marcos 2:15)22.
20 Mateus usa o termo “gadarenos”, mas usei Gerasa referindo-
me aos gerasenos, pois escolhi esse termo, como fiz
na seção anterior. Conforme já foi dito, a região possuía duas
designações.
21 Muitas harmonias colocam a história da filha de Jairo
logo após a volta de Jesus à margem ocidental do mar.
Outras inserem a história do banquete de Mateus antes da
história de Jairo, com base em Mateus 9:18, que indica que o
discurso de Cristo no banquete de Mateus foi interrompido
por Jairo. John Broadus, que seguiu esta seqüência, inseriu
a seguinte observação: “A questão da posição [da história
do banquete de Mateus] não pode ser definida, e ela não
faz diferença para a compreensão do conteúdo da seção”
(John A. Broadus, Harmony of the Gospels in the Revised Edition
[“Harmonia dos Evangelhos na Edição Revista”]. Nova
York: A. C. Armstrong & Son, 1906, p. 36; citado em John F.
Carter, A Layman´s Harmony of the Gospels [“Harmonia dos
Evangelhos por um Leigo”]. Nashville: Broadman Press,
1961, p. 138). Se você estudou a história do banquete de Mateus
anteriormente (reveja a nota de rodapé 33, na página 20,
de “A Vida de Cristo—Parte 3”), vá agora para a história de
Jairo (veja a próxima lição).
22 J. W. McGarvey reforçou que os atos e argumentos de
Jesus “não justificam que nos mantenhamos na companhia
de pessoas más por nenhum outro motivo senão fazer-lhes
o bem—ou seja, como seus médicos da alma” (McGarvey e
Pendleton, p. 350). Veja 1 Coríntios 15:33.
Os fariseus, que seguiam constantemente os
rastros do Senhor, começaram a murmurar (Lucas
5:30a). Perguntaram aos discípulos: “Por que come
o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?”
(Mateus 9:11). A resposta de Cristo foi clássica: “Os
sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não
vim chamar justos23, e sim pecadores, ao arrependimento”
(Lucas 5:31, 32)24.


Crítica nº 2: Não Jejuar


Destemidos, os fariseus lançaram uma segunda
crítica, talvez incitados pelo fato de Jesus e Seus discípulos
estarem se divertindo no banquete de Mateus:
“Por que motivo jejuam os discípulos de João
e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?”
(Marcos 2:18). Alguns dos discípulos de João
estavam presentes e se intrometeram na conversa,
perguntando: “Por quê?” (Mateus 9:14)25.
A essência da pergunta era: “Por que você não
está dando continuidade às tradições que os nossos
pais começaram tanto tempo atrás?”26 Cristo praticamente
respondeu que a vinda do Messias anunciava
uma nova era, a qual nem sempre seria compatível
com as tradições do passado. A resposta de Jesus
teve duas partes. A primeira consistia no fato de que
a tradição do jejum era inapropriada para os Seus
discípulos. Ele comparou a vinda do Messias com
a celebração de um casamento (Mateus 9:15; Marcos
2:19, 20; Lucas 5:34, 35): essas celebrações eram
momentos para se alegrar, e não para lamentar27.
23 Neste contexto, “os justos” refere-se aos que pensavam
ser justos e não precisavam de arrependimento—em outras
palavras, Jesus se referia aos escribas e fariseus.
24 No relato de Mateus (9:12, 13), está inclusa na resposta
de Jesus uma citação de Oséias 6:6. Observamos numa lição
anterior que Cristo usou a citação em outro contexto para
reforçar que deixar que os homens satisfaçam sua fome é
mostrar misericórdia. Em Mateus 9, a idéia é que incentivar
pecadores a se arrependerem é mostrar misericórdia.
25 É triste ver os discípulos de João se juntarem aos fariseus
nesse questionamento.
26 As práticas de jejum dos fariseus não eram ordenadas
pela Lei de Moisés, mas eram produto de tradições humanas.
Veja o breve comentário sobre jejum na lição “Mas,
digo-vos”, na edição “A Vida de Cristo—Parte 3”. Como já
foi salientado, Jesus estava de fato dizendo que o jejum era
uma questão opcional para Seus discípulos. O fato de que
Ele mesmo não jejuava regularmente é suficiente para provar
que o jejum não é um ingrediente essencial à manutenção
da piedade.
27 A ilustração de Jesus poderia ser classificada como
uma parábola. Nessa parábola, Ele é o noivo e os convivas
são Seus discípulos. A descrição da noivo sendo “levado” é
uma referência velada à Sua morte. A afirmação de que “naquele
dia jejuarão” refere-se à tristeza dos discípulos quando
Cristo morresse.
Autor: David Roper
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TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
(Jejuar, para os judeus, era símbolo de contrição e
angústia.)
A segunda parte da resposta de Jesus foi que incorporar
tradições feitas por homens seria desastroso
para o regime do Messias. Adicionar as tradições
dos fariseus ao ensino de Jesus seria como remendar
tecido novo em tecido velho (Lucas 5:36). Quando
o tecido novo encolhesse, ele rasgaria o velho. E
ainda, tentar misturar as tradições antigas com Seu
novo estilo seria como colocar vinho novo em odres
velhos28. Os resíduos nas bordas dos velhos odres
fariam o vinho novo fermentar e expandir-se, o que
racharia os odres velhos e frágeis (Lucas 5:37)29.
Jesus sabia que os fariseus não estavam dispostos
a aceitar o Seu novo estilo. Entristecido, Ele falou
dos que nem ao menos avaliavam a possibilidade
de mudar, que sempre diziam: “O velho é excelente”
(Lucas 5:39)30.
Antes de sairmos desta história, eu gostaria de
retroceder ao incidente que provocou as críticas
contra o Senhor: o fato de Jesus comer com cobradores
de impostos e outros pecadores. “Quem é este
que come com pecadores?” A resposta é: “um Homem
com propósito”. Jesus disse: “Não vim chamar
justos, e sim pecadores, ao arrependimento” (Lucas
5:32). Ele também disse em outra ocasião: “…o Filho
do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lucas
19:10).
Você é um pecador? Você se pergunta se Jesus Se
importa com você? Veja-O no banquete de Mateus,
comendo, conversando, rindo com o que os judeus
consideravam a escória da sociedade. Ele ama os
pecadores! Ele ama você!


CONCLUSÃO


Estudamos três exemplos de como Cristo deixou
perplexos os que estavam à Sua volta:
“Quem é este que acalma ventos e on-
28 Usavam-se peles de animais para se fazer os recipientes
de líquidos, naqueles dias. Essa ainda é a prática em algumas
partes do mundo. Com o passar do tempo, essas peles
ficavam secas, sensíveis e frágeis.
29 Lucas 5:36 chama essas ilustrações de parábolas. Não
as force para ensinar outra coisa que não seja a idéia principal:
tentar misturar tradições humanas com o ensino de
Jesus seria desastroso.
30 Cristo não estava falando dos que se recusam a mudar
velhas tradições não inspiradas para novas tradições não
inspiradas; antes, referia-Se aos fariseus que não estavam
dispostos a abandonar suas velhas tradições para adotar o
estilo de Cristo.

das?” Um Homem de poder.
“Quem é este que cura corpos e mentes?”
Um Homem com sentimentos.
“Quem é este que come com pecadores?”
Um Homem com propósito.
O propósito de Jesus era chamar os pecadores
ao arrependimento. Se você ainda está em pecado,
oro para que esta lição o leve a chegar-Se a Jesus
com humildade e contrição. No íntimo do seu coração,
responda a pergunta “Quem é este?” com a
seguinte certeza: “Ele é Aquele que me ama e que
morreu por mim!”
Notas
Cada história desta lição pode servir de base
para um sermão. O sermão a seguir é sobre a cura
de um dos endemoninhados gerasenos.
Muitos sermões já foram pregados sobre Jesus
acalmando a tempestade. Falei recentemente sobre
“As Tempestades da Vida”. Primeiro, eu me referi a
terríveis tempestades físicas que os meus ouvintes
estavam enfrentando, e depois me referi a tempestades
que eles já tiveram de enfrentar. Observei que,
às vezes, nos sentimos como os discípulos: “Mestre,
não te importa que pereçamos?” Meu foco foi
a pergunta feita pelos apóstolos: “Quem é este que
até os ventos e o mar lhe obedecem?” (Mateus 8:27).
Respondi: 1) o tipo de Homem que ama você (Apocalipse
1:5); 2) o tipo de Homem que prometeu estar
com você (Mateus 28:20); 3) o tipo de Homem que
lhe dá força (Efésios 3:16); 4) o tipo de Homem que
converte o mal em bem (Romanos 8:28); 5) em resumo,
o tipo de Homem que pode acalmar as tempestades
no seu peito com a mesma facilidade com que
acalmou a tempestade no mar.
Aqui estão outros possíveis títulos para um sermão
sobre essa história: “Não te importa que pereçamos?”,
“Acalma-te, emudece” ou “Sossegai”.
Também já se pregaram muitos sermões baseados
em segmentos do texto estudado nesta lição. Alguns
já usaram o fato de os discípulos terem aceitado
Jesus “assim como estava” (Marcos 4:36) para enfatizar
que devemos aceitar Jesus, Sua igreja e Seu ensino
“assim como estão” explicados na Bíblia. (Se usar
esta idéia, tenha o cuidado de explicar bem o sentido
do texto.) As palavras de Cristo sobre a necessidade
de “um médico” (Mateus 9:12) também já inspiraram
muitos sermões sobre “o Médico dos médicos”.

Indo em direção ao desastre?

INDO EM DIREÇÃO AO DESASTRE?

Lição: 02

Texto básico: Jeremias 19:21 e 25:1-11

Para decorar: “Convertei-vos agora cada um do seu mau caminho, e da maldade das suas ações, e habitais na terra que o Senhor vos deu e a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre”. (Jr 25:5)

Já vimos como foram inúteis todos os esforços do Rei Josias, para conduzir o povo de Judá ao verdadeiro arrependimento. O povo afastou-se da iniqüidade pelo menos superficialmente por algum tempo, mas após a morte do rei, voltou a ela prontamente.
Entre os que lamentavam a morte do Rei, estava o profeta Jeremias, de cujo livro retiramos o texto desta lição. Esta passagem enfatiza o amor de Deus pelo fato de haver chamado o povo ao arrependimento, e avisá-lo das conseqüências que lhes sobreviriam se persistissem no pecado.
Indo em direção ao desastre? É na verdade, a pergunta que fazia, zombeteira e indiferente, o povo de Judá, depois de haver adotado uma atitude de desinteresse pela situação, por pensarem que nada lhes iria acontecer. É uma pergunta que poderíamos dirigir a nós mesmos, a nosso próprio respeito, com toda seriedade.

JEREMIAS-O FIEL PROFETA DE DEUS

Jeremias foi separado e ordenado para ser profeta antes de seu nascimento. (Jr 1:5). Recebeu seu chamado durante o décimo - terceiro ano do reinado de Josias, e daquele momento em diante profetizou fielmente durante reinados de Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim, e até a ocasião em que Jerusalém foi levada cativa, no undécimo ano do rei Zedequias.(Jr 1:2-3).
Suas tristes predições e sua constante condenação da impiedade do povo fizeram com que incorresse no ódio deles. Muitas vezes foi perseguido e insultado. Suas mensagens foram ignoradas e detestadas, mas era a verdadeira palavra de Deus, e não mentiras, tais como as que outros profetas falsos proclamavam, com o intuito de conquistar a simpatia do povo. Por intermédio de Jeremias, Deus condenou aqueles profetas enganadores, bem como aos sacerdotes profanos. (Jr 14:13-16 e Jr 23:9-40). Embora por vezes Jeremias se sentisse desanimado à perversidade do povo, ele entregou fielmente os ternos apelos de Deus ao arrependimento, e seus solenes avisos de uma calamidade pendente. Mas nada do que ele dizia ou fazia servia para demover o povo de iniqüidade.

JUDÁ-O POVO DESOBEDIENTE

Outros profetas, verdadeiros servos de Deus avisaram o povo, como fazia Jeremias, Isaías e Miquéias, que viveram antes dele, Habacuque e Sofonias, que foram seus contemporâneos, e Urias, a quem Jeoaquim mandou matar. (Jr 26:20-26).
Quando diziam: “Convertei-vos agora cada um do seu mau caminho, e da maldade das suas ações, e habitai na terra que o Senhor vos deu e a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre. Não andeis após outros deuses para os servirdes, e para os adorardes, nem me provoqueis à ira com as obras de vossas mãos; não vos farei mal algum” (Jr 25:5-6).
Mas o resultado era sempre o mesmo. O povo não ouvia. Eles endureceram a sua cerviz. E persistiram no pecado e zombaram os avisou de castigo. (Jr 21:13). Deus falou por intermédio de Jeremias não somente a nação de Judá como um todo, mas às autoridades. No quarto ano do reinado de Joaquim, destruídas por Nabucodonosor, e o povo seria levado cativo para Babilônia, onde ficaria por um período de setenta anos. (Jr 25:8-11).
Quando Nabucodonosor guerreava contra Judá, Zedequias enviou mensageiros a Jeremias para indagar dele se o Senhor livraria a nação de seus inimigos. A resposta foi outra previsão de total derrota para os governantes e para a nação, a não ser para remanescente fiel, que seria preservado de entre o povo escolhido.
O destino de Zedequias, que fez o que era mau perante o Senhor, conforme tudo quanto fizera Joaquim, e o do povo, são descritos claramente na Palavra de Deus.
Nem o governo, em o povo deu atenção ao profeta. Nem um outro escapou do desastre.

NABUCODONOSOR-INSTRUMENTO DE DEUS PARA O CASTIGO

O Senhor usou Nabucodonosor (jr 25:9) para castigar a Judá. Como conquistador, ele era muito cruel. Como governante, muitas vezes foi insensato. No livro de Daniel, está registrado: a visão que este rei teve, e que Daniel interpretou; a construção de uma grande estátua de ouro, e o conseqüente lançamento de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na fornalha ardente; o sonho rei acerca da loucura que o dominou durante sete anos, como Daniel previra.
Deus não fez Nabucodonosor cruel ou ímpio. Tampouco ignorou a iniqüidade dele e de seus sucessores, que reinaram durante os setenta anos em que Judá foi mantida cativa em Babilônia (JR 25h12min). Deus castigou a Judá, usando para isso Babilônia. Mais tarde, porém, castigou Babilônia por sua própria iniqüidade.
Por seu amor, Deus deu a Judá a mesma chance de escolher, que dá a nós, individualmente ou como nação: obedecer e prosperar; desobedecer e sofrer a derrota. Como filhos obedientes; é possível que soframos tribulações, como aconteceu a Jeremias e a Jó, mas o Senhor disse: Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus. (MT 5:11-12). Sim, é possível que sejamos provados, mas Deus nunca permite que a tentação venha, sem nos dar a capacitação para suportá-la (1º Co 10:13).
Vimos, então, a escolha que Judá fez, entre obedecer e desobedecer, como também suas conseqüências. Oque você escolherá para a sua vida?

EXAMINE AS ESCRITURAS

1. Quando Jeremias foi separado e ordenado profeta?
2. Por que ele foi odiado e muitas vezes perseguido?
3. Que efeito tiveram sobre Judá os apelos de Deus para que o povo se arrependesse, e os avisos de um castigo iminente?
4. Como Deus usou Nabucodonosor?
5. Por que Deus preservou um remanescente fiel?

EXAMINE SUA VIDA

1. Leia em voz alta o texto da lição, Jeremias 25:1-11. Apliquo à sua vida. O Senhor lhe falou através dele? Como? E se não, por que? Você atende à sua Palavra.
2. Deus ocupa o 1º lugar em sua vida? Se não por que?

Desenhos evangélicos

Lázaro
Senhor eu creio

Como identificar uma seita


Título: Como reconhecer uma seita

Redação: Rev. Augustus Nicodemus Lopes

Conheça as cinco características comuns e marcantes das seitas

Existem milhares de religiões neste mundo, e obviamente nem todas são certas. O próprio Jesus advertiu seus discípulos de que viriam falsos profetas usando Seu nome, e ensinando mentiras, para desviar as pessoas da verdade (Mateus 24.24). O apóstolo Paulo também falou que existem pessoas de consciência cauterizada, que falam mentiras, e que são inspirados por espíritos enganadores (1 Timóteo 4.1-2). Nós chamamos de seitas a essas religiões. Não estamos dizendo que todos os que pertencem a uma seita são desonestos ou mal intencionados. Existem muitas pessoas sinceras que caíram vítimas de falsos profetas.
Para evitar que isto ocorra conosco, devemos ser capazes de distinguir os sinais característicos das seitas. Embora elas sejam muitas, possuem pelo menos cinco marcas em comum: (1) Elas têm outra fonte de autoridade além da Bíblia. Enquanto que os cristãos admitem apenas a Bíblia como fonte de conhecimento verdadeiro de Deus, as seitas adotam outras fontes. Algumas forjaram seus próprios livros; outras aceitam revelações diretas da parte de Deus; outras aceitam a palavra de seus líderes como tendo autoridade divina. Outras falam ainda de novas revelações dadas por anjos, ou pelo próprio Jesus. E mesmo que ainda citem a Bíblia, ela tem autoridade inferior a estas revelações.

(2) Elas acabam por diminuir a pessoa de Cristo. Embora muitas seitas falem bem de Jesus Cristo, não o consideram como sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, nem como sendo o único Salvador da humanidade. Reduzem-no a um homem bom, a um homem divinizado, a um espírito aperfeiçoado através de muitas encarnações, ou à mais uma manifestação diferente de Deus, igual a outros líderes religiosos como Buda ou Maomé. Freqüentemente, as seitas colocam outras pessoas no lugar de Cristo, a quem adoram e em quem confiam.

(3) As seitas ensinam a salvação pelas obras. Essa é uma característica universal de todas as seitas. Por acreditarem que o homem é intrinsecamente bom, pregam que ele pode acumular méritos e vir a merecer o perdão de Deus, através de suas boas obras praticadas neste mundo. Embora as seitas sejam muito diferentes em sua aparência externa, são iguais neste ponto. Algumas falam em fé, mas sempre entendem a fé como sendo um ato humano meritório. E nisto diferem radicalmente do ensino bíblico da salvação pela graça mediante a fé.

(4) As seitas são exclusivistas quanto à salvação. Pregam que somente os membros do seu grupo religioso poderão se salvar. Enquanto que os cristãos reconhecem que a salvação é dada a qualquer um que arrependa-se dos seus pecados e creia em Jesus Cristo como Salvador (não importa a denominação religiosa), as seitas ensinam que não há salvação fora de sua comunidade.

(5) As seitas se consideram o grupo fiel dos últimos tempos. Elas ensinam que receberam algum tipo de ensino secreto que Deus havia guardado para os seus fiéis, perto do fim do mundo. É interessante que ao nos aproximarmos do fim do milênio, cresce o número de seitas afirmando que são o grupo fiel que Deus reservou para os últimos dias da humanidade.

Podemos e devemos ajudar as pessoas que caíram vítimas de alguma seita. Na carta de Tiago está escrito que devemos procurar ganhar aqueles que se desviaram da verdade (Tiago 5.19-20). Para isto, entretanto, é preciso que nós mesmos conheçamos profundamente nossa Bíblia bem como as doutrinas centrais do Cristianismo. Mais que isto, devemos ter uma vida de oração, em comunhão com Cristo, para recebermos dele poder e amor e moderação.

Diaconia


Amando a Deus e ao Próximo: João Calvino e o Diaconato em Genebra


A Diaconia cristã segundo João Calvino


Por: Rev. Alderi S. Matos


Testemunha-se hoje um renovado interesse na diaconia cristã e em suas implicações para a igreja e a sociedade. Diferentes denominações e entidades cristãs cooperativas têm participado de uma constante discussão e reflexão teológica acerca do seu significado e relevância para os tempos atuais. Cresce entre muitos cristãos a consciência de que a diaconia é crucial para a fé, a vida e a missão da igreja.
Muitas vezes um tema negligenciado e mal compreendido no pensamento e na prática cristã, o serviço cristão cada vez mais tem sido entendido como "inseparável da essência da igreja… ‘a liturgia após a liturgia,’ a continuação no mundo da vida de adoração da comunidade."1 Por esta razão, "a diaconia deve ser legitimada não somente como uma função cristã, mas como o modo de ser da igreja."2
No Brasil, infelizmente, muitas igrejas evangélicas ainda não consideram este tema como prioritário em sua agenda. As próprias igrejas presbiterianas, apesar de possuírem uma rica herança nessa área, não têm na prática revelado grande interesse na dimensão diaconal e social da igreja. Uma boa ilustração dessa atitude pode ser vista no empobrecimento do ofício do diaconato em nossas comunidades. Em muitas igrejas, os diáconos limitam-se a atividades tais como auxiliar a manutenção da ordem durante os cultos e recolher as contribuições dos fiéis. Todavia, por ser um conceito central nas Escrituras, na ética e na teologia, a diaconia cristã deve ter alta prioridade na vida e no testemunho da igreja.
O objetivo deste trabalho é considerar o ensino e a prática de João Calvino com respeito ao diaconato e à ação social, e demonstrar como ele, à semelhança dos outros reformadores, "redescobriu a função de serviço social desempenhada pelo diácono na igreja primitiva."3 Após uma breve abordagem da vida de Calvino até o início do seu ministério em Genebra, destacaremos alguns aspectos relevantes do seu pensamento social, bem como as suas idéias sobre o diaconato. Será dada uma atenção especial às diferentes interpretações propostas quanto à fonte do conceito de Calvino acerca do duplo diaconato. Além disso, discutiremos dois notáveis exemplos de como as idéias do reformador encontraram expressão prática na cidade de Genebra.


I. Calvino: De Noyon a Genebra4


Jean Calvin ou João Calvino (1509-1564) nasceu em Noyon, uma pequena cidade situada a cerca de 100 km a nordeste de Paris. Seu pai, Gérard Cauvin, era um assistente administrativo do bispo local. Sua mãe, Jeanne, morreu quando Jean, seu quarto filho, tinha apenas cinco ou seis anos de idade. Uma autora argumenta que essa triste experiência certamente contribuiu para o sentimento de ansiedade e inquietação pessoal característico de Calvino.5
Calvino viveu por vários anos com a aristocrática família Montmor, à qual sempre se mostraria profundamente agradecido. Ele dedicou o seu primeiro livro, em 1532, a um membro dessa família, afirmando: "Eu lhe devo tudo o que sou e tenho… Quando menino, fui criado em sua casa e iniciei os meus estudos com você. Assim sendo, devo à sua nobre família o meu primeiro treinamento na vida e nas letras."6
Graças à interferência de seu pai, com a idade de doze anos Calvino recebeu um benefício eclesiástico do bispo de Noyon. A posse de um benefício exigia o ingresso em uma ordem menor – João tornou-se sacristão e recebeu a tonsura – e o exercício de tarefas eclesiásticas, no seu caso o cuidado de um dos altares da catedral. A renda desse benefício era uma espécie de bolsa de estudos através da qual o jovem Calvino, já então um estudante precoce, poderia continuar os seus estudos.
Em agosto de 1523 o jovem foi para Paris a fim de iniciar os seus estudos formais. Inicialmente matriculou-se no Collège de la Marche, onde aperfeiçoou o seu conhecimento do latim sob o grande mestre Mathurin Cordier, que anos depois haveria de lecionar na Academia de Genebra. A seguir, Calvino dedicou-se aos estudos teológicos no Collège de Montaigu, famoso por sua rígida disciplina e por sua péssima comida. Sendo um estudante compulsivo, Calvino saiu-se muito bem nos seus estudos. Ao mesmo tempo, sob influências humanistas, ele também adquiriu uma forte antipatia pelo método escolástico de se fazer teologia.
Em 1528, por insistência de seu pai, Calvino mudou-se para Orléans a fim de estudar Direito. Gérard Cauvin percebeu que o seu inteligente filho provavelmente se daria melhor como advogado do que como religioso. Mais tarde Calvino deu prosseguimento aos seus estudos jurídicos em Bourges, onde também estudou grego com o erudito evangélico alemão Melchior Wolmar. Timothy George observa que o treinamento jurídico de Calvino exerceu duas influências significativas sobre o seu futuro trabalho: proporcionou-lhe um sólido fundamento em questões práticas que lhe foi muito útil no seu esforço para remodelar as instituições de Genebra, e abriu os seus olhos para a antigüidade clássica e o estudo dos textos antigos.7
Quando seu pai morreu, em 1531, Calvino sentiu-se livre para abandonar o estudo do Direito em favor da sua verdadeira paixão, a literatura clássica. Ele voltou para Paris e no ano seguinte publicou o seu primeiro livro, uma edição crítica do tratado de Sêneca Sobre a Clemência, juntamente com um extenso comentário.
A sua transição de humanista a reformador foi marcada por algo que ele certa vez descreveu como uma "conversão repentina" (conversio subita). Isso aconteceu por volta de 1533-1534 e foi precedido de um período de lutas, inquietação e dúvidas. Seus primeiros biógrafos Beza e Colladon atribuem um importante papel na sua conversão ao seu primo Robert Olivétan, para cujo Novo Testamento francês Calvino escreveu um prefácio sob o título: "A todos os que amam Jesus Cristo e o seu Evangelho" (1535). Esta foi a sua primeira obra publicada como protestante. Sua conversão foi atestada publicamente quando ele retornou a Noyon em maio de 1534 a fim de renunciar ao benefício de que tinha usufruído por treze anos.8
No Dia de Todos os Santos em 1533, Nicholas Cop, um amigo de Calvino que acabara de ser eleito reitor da Universidade de Paris, fez um discurso de abertura do ano letivo que chocou a audiência por causa de suas idéias protestantes. Acusado de ser um propagandista luterano, Cop teve de fugir para salvar a vida. Calvino, sob suspeita de ser o co-autor do discurso, teve seus papéis apreendidos e tornou-se persona non grata em Paris. Ele encontrou refúgio na casa de um amigo em Angoulême, onde começou a escrever as suas Institutas da Religião Cristã.
Um ano mais tarde, quando irrompeu a perseguição contra os protestantes franceses, Calvino buscou proteção na cidade reformada de Basiléia, a terra natal de Cop, que ali já se encontrava.9 Em março de 1536 veio a lume a primeira edição das Institutas, um livro destinado a tornar-se "o principal documento da teologia protestante no século dezesseis."10 Um bestseller quase da noite para o dia, o livro foi distribuído rapidamente por toda a Europa. Houve duas razões principais para tamanho sucesso: a sua carta introdutória dirigida ao rei Francisco I constituiu-se numa poderosa defesa dos evangélicos franceses perseguidos; todavia, o seu propósito principal foi catequético – servir como um manual para o ensino e a reforma das igrejas. A sua edição definitiva, vastamente ampliada, seria publicada somente em 1559.
No verão de 1536 Calvino estava viajando com seu irmão e meio-irmã de Paris a Estrasburgo, onde esperava instalar-se para uma vida longamente esperada de tranqüilidade e estudo.11 Todavia, os exércitos de Francisco I e do imperador Carlos V estavam empenhados em manobras militares numa área onde os viajantes deveriam passar. Assim sendo, estes tiveram de fazer um desvio pelo sul, através da cidade de Genebra, na fronteira entre a França, Savóia e a Suíça. Por ironia, Calvino não teve uma boa impressão da cidade e planejou permanecer ali apenas uma noite.
O ardoroso Guillaume Farel (1489-1565) tinha levado a cidade a abraçar a Reforma somente dois meses antes, através do voto unânime de uma assembléia de cidadãos realizada em 25 de maio de 1536. A obra da Reforma em Genebra estava intimamente ligada à sua emancipação política da Casa de Savóia, de convicção católica. Nos anos de 1526 e 1527 a cidade tinha sido atraída para a órbita da Suíça e em 1533 Berna promovera ativamente a causa da Reforma Protestante em Genebra.
Sabendo que Calvino estava na cidade, Farel irrompeu em seu quarto de hotel e lhe implorou que permanecesse em Genebra e o ajudasse a consolidar a Reforma recentemente abraçada. Calvino ficou chocado com a idéia, pois sentiu-se despreparado para a tarefa. Ele poderia fazer mais pela igreja através de seus tranqüilos estudos e de seus escritos. Nesse momento, Farel trovejou a ira de Deus sobre Calvino com palavras que este jamais iria esquecer – Deus amaldiçoaria o seu lazer e os seus estudos se em tão grave emergência ele se retirasse, recusando-se a ajudar. George observa que "a partir daquele momento, o destino de Calvino ficou ligado ao de Genebra."12
A primeira estadia de Calvino em Genebra durou menos de dois anos. O seu primeiro catecismo e confissão de fé foram adotados, mas ele e Farel entraram em conflito com as autoridades civis acerca de questões eclesiásticas: disciplina, adesão à confissão de fé, e práticas litúrgicas. Em abril de 1538 eles foram expulsos da cidade. Depois de outra breve estadia em Basiléia, Calvino transferiu-se para Estrasburgo, seu destino original dois anos antes. Naquela cidade ele haveria de passar os três anos mais felizes da sua vida (1538-1541). Provavelmente também foram os anos mais decisivos da sua formação como reformador e teólogo.
Timothy George destaca cinco dimensões da vida de Calvino durante esse período crucial.13 Primeiramente, ele pastoreou uma pequena congregação de refugiados franceses. Em segundo lugar, foi professor na escola de João Sturm, que serviria de modelo para a sua futura Academia de Genebra. Calvino também escreveu extensamente: uma edição inteiramente revista das Institutas (publicada em agosto de 1539), a sua primeira tradução francesa (1541), o Comentário de Romanos, e três escritos mais breves, porém brilhantes – a Resposta a Sadoleto, "provavelmente a melhor apologia da fé reformada escrita no século dezesseis,"14 um livro de liturgia, e um tratado sobre a Santa Ceia. Calvino ainda atuou como diplomata eclesiástico, viajando para muitas cidades como conselheiro de delegações protestantes em conferências interconfessionais que procuravam restaurar a unidade entre protestantes e católicos. Finalmente, ele contraiu núpcias com uma de suas próprias paroquianas, Idelette de Bure, em uma cerimônia oficiada por seu amigo Farel.
Em 1541 os genebrinos suplicaram que Calvino retornasse à sua igreja. Persuadido por Martin Bucer (1491-1551), o grande líder da Reforma em Estrasburgo, Calvino retornou a Genebra no dia 13 de setembro, viu-se nomeado pastor da antiga catedral de Saint Pierre e foi "contemplado com um salário razoável, uma casa ampla, e porções anuais de 12 medidas de trigo e 250 galões de vinho."15
O restante da carreira de Calvino como reformador foi simbolizado pelos dois primeiros atos oficiais que empreendeu após o seu retorno. No domingo seguinte ele voltou ao seu púlpito e simplesmente prosseguiu a exposição das Escrituras no ponto em que a havia interrompido três anos antes. Além disso, ele apresentou ao conselho da cidade um plano detalhado para a ordem e o governo da igreja. As suas Ordenanças Eclesiásticas requeriam a instalação dos quatro ofícios de pastores, doutores, presbíteros e diáconos, os quais correspondiam às áreas de doutrina, educação, disciplina e ação social. O conselho aprovou o plano de Calvino, mas este passaria o restante da sua carreira tentando, nunca com pleno êxito, obter o seu cumprimento.


II. O Pensamento Social de Calvino16


O conceito de Calvino acerca de um quádruplo ministério, mencionado acima, revela que a assistência social estava entre as suas principais preocupações. Sua primeira e mais importante contribuição nessa área foi teórica – suas idéias e princípios teológicos concernentes à responsabilidade da igreja cristã para com os desafortunados. O pensamento social de Calvino sobre riqueza e pobreza, bem-estar social e questões correlatas pode ser encontrado em diversas fontes, principalmente nas Institutas, nos comentários bíblicos e em sermões.
Vários autores observam que Calvino jamais estabeleceu uma conexão entre riqueza ou pobreza e o favor ou desfavor de Deus em relação a indivíduos. W. Fred Graham argumenta que
Calvino nunca viu a pobreza e o infortúnio como evidências do desfavor de Deus para com o indivíduo afligido, nem considerava a prosperidade como um sinal da bênção de Deus por causa de méritos pessoais ou como evidência da eleição para a salvação.17
Antes, o reformador entendeu a riqueza e a pobreza como expressões do favor ou do julgamento de Deus sobre toda a comunidade, que então deveria redistribuir os seus recursos com vistas ao bem-comum. Calvino pergunta: "Por que é então que Deus permite a existência da pobreza aqui embaixo, a não ser porque ele deseja dar-nos ocasião para praticarmos o bem?"18
Em muitas oportunidades, Calvino condenou severamente a ganância e a insensibilidade dos ricos, porque ele estava preocupado com que as dádivas de Deus fossem usadas para o benefício de toda a comunidade do povo de Deus. Graham argumenta que não foi ao ascetismo que Calvino conclamou os ricos de Genebra, mas à regra do amor: "De fato, se existe um tema central no pensamento social e econômico de Calvino, é que a riqueza vem de Deus a fim de ser utilizada para auxiliar os nossos irmãos."19 A solidariedade da comunidade humana é tal que torna-se inexcusável alguns terem abundância e outros passarem necessidade.20 Ronald Wallace observa: "[Calvino] insistia que, como uma lei da vida, onde havia riqueza abundante também deveria haver doações generosas dos ricos aos pobres."21
Um dos textos que Calvino utiliza mais freqüentemente nos seus escritos e ensinos é o apelo de Isaías ao homem rico de Israel: "… e não te escondas do teu semelhante" (58.7), que ele interpreta como uma referência ao "teu pobre."22 Em outro sermão, ele pondera: "Deus mistura os ricos e os pobres para que eles possam encontrar-se e ter comunhão uns com os outros, de modo que os pobres recebam e os ricos repartam."23
Os pobres são irmãos e devem ser tratados como tais. Graham pondera: "Não existe uma beneficência fria no plano calvinista; a beneficência deve ser praticada com compaixão."24 A contribuição não deve ser uma expressão de legalismo, mas de espontaneidade e liberalidade.25
Graham acentua a ética altruísta articulada por Calvino no terreno social e econômico: "A solidariedade humana é tal que qualquer coisa que contribua para o empobrecimento de uma parte da sociedade é, ipso facto, maléfica."26 Quando Calvino pregava sobre a proibição vetotestamentária de se privar um credor pobre da sua mó superior, como garantia de uma dívida, ele falava com uma ênfase que hoje pode ser entendida no sentido de que nenhuma sociedade jamais deve privar qualquer pessoa da oportunidade de trabalhar para ganhar o seu sustento.27
O reformador ficava particularmente exasperado com aqueles que praticavam o monopólio e a especulação envolvendo alimentos.28 Assim sendo, ele defendeu alguma intervenção por parte do governo para a proteção do bem comum, a fim que "os homens respirem, comam, bebam e mantenham-se aquecidos."29 Como William C. Innes observou, Calvino insistiu em
que a caridade cristã e uma preocupação ética pelo bem da comunidade fossem os fatores determinantes em todas as decisões econômicas. A sua influência e ensinos doutrinários incentivaram e promoveram o interesse já existente em Genebra por uma assistência ampla e respeitosa aos pobres.30


III. O Diaconato


Provavelmente a principal contribuição teológica de João Calvino ao entendimento reformado do bem-estar social é aquela encontrada nas suas idéias acerca do diaconato.31 Calvino tinha o ofício de diácono em alta consideração: os diáconos eram oficiais públicos da igreja responsáveis pela assistência aos pobres. Ele insistiu que os mesmos fossem versados na fé cristã, uma vez que, no decurso do seu ministério, eles muitas vezes teriam de oferecer conselhos e conforto espiritual. Na realidade, "os diáconos na Genebra de Calvino devem ter sido peritos no que hoje denominamos serviço social, bem como em assistência pastoral."32
Existem duas fontes principais para os ensinos de Calvino acerca do diaconato. Primeiramente, as Institutas, especialmente a partir da segunda edição (a edição definitiva foi publicada em 1559 e a sua tradução francesa no ano seguinte).33 Em segundo lugar, as Ordenanças Eclesiásticas que ele redigiu para Genebra em 1541, sua "primeira contribuição concreta para a reforma da assistência social."34 Uma fonte adicional são os seus sermões sobre I Timóteo, publicados em 1561.
As Institutas estão distribuídas em quatro livros que seguem em geral o modelo do Credo dos Apóstolos. O primeiro livro trata do conhecimento de Deus como Criador e inclui as doutrinas da Escritura, trindade, criação e providência; o segundo livro discute o conhecimento de Deus como Redentor e inclui a queda, o pecado, a lei, o Velho e o Novo Testamento e Cristo, o mediador – sua pessoa e obra. O terceiro livro aborda a maneira pela qual se recebe a graça de Cristo, seus benefícios e efeitos; inclui a fé e a regeneração, o arrependimento, a vida cristã, a justificação, a predestinação e a ressurreição final. Por fim, o quarto livro fala dos meios externos pelos quais Deus convida as pessoas à comunidade cristã. Aqui Calvino trata da igreja, dos sacramentos e do governo civil. É neste último livro que encontramos as idéias de Calvino sobre o diaconato.
Robert M. Kingdon pondera que Calvino reagiu com firmeza contra o ensino católico romano tradicional de que os diáconos deviam ser assistentes dos sacerdotes, auxiliando-os em várias responsabilidades litúrgicas e administrativas, enquanto geralmente aguardavam a promoção ao sacerdócio.35 Em vez disso, os diáconos deviam exercer um ministério específico de serviço aos pobres. Calvino argumentou que Deus quis que a igreja instituísse o ofício de diácono para cumprir com a sua obrigação de assistir aos necessitados. Portanto, grande parte do seu pensamento sobre a assistência social está relacionado com o seu conceito acerca do diaconato.36
Além disso, Calvino insistiu que deveria haver dois tipos de diáconos: administradores, que recolhiam e geriam os fundos destinados ao socorro dos pobres, e assistentes sociais, inclusive viúvas, que utilizavam esses fundos na assistência direta aos carentes. Este conceito de um duplo diaconato é particularmente característico de Calvino, a versão definitiva deste ensino sendo encontrada na edição de 1559 das Institutas (4:3:9).37 O reformador argumenta:
O cuidado dos pobres foi confiado aos diáconos. Todavia, dois tipos são mencionados na Carta aos Romanos: "Aquele que contribui, faça-o com simplicidade;… o que exerce misericórida, com alegria" [Rom 12.8; cf. Vulgata]. Como é certo que Paulo está falando do ofício público da igreja, deve ter havido dois graus distintos. A menos que eu esteja equivocado em meu julgamento, na primeira cláusula ele designa os diáconos que distribuem as esmolas, mas a segunda refere-se àqueles que se devotavam ao cuidado dos pobres e enfermos. Deste tipo eram as viúvas que Paulo menciona a Timóteo [1 Tm 5.9-10]. As mulheres não podiam exercer qualquer outro ofício público, senão o de se devotarem ao cuidado dos pobres. Se aceitarmos isto (como deve ser aceito), haverá dois tipos de diáconos: um para servir a igreja administrando as questões referentes aos pobres, e outro para cuidar dos pobres eles mesmos. Assim, muito embora o termo diakonia em si mesmo tenha uma implicação mais ampla, a Escritura designa especificamente como diáconos aqueles a quem a igreja indicou para distribuirem as esmolas e cuidarem dos pobres, e também servirem como mordomos da caixa comum dos pobres.


IV. O Duplo Diaconato: Fonte do Conceito


A. Robert M. Kingdon
Kingdon indaga onde originou-se esta doutrina clara e distintiva de um duplo diaconato. Ele propõe uma explicação institucional: Calvino encontrou um duplo diaconato já em funcionamento quando chegou a Genebra pela primeira vez. Esse estudioso acredita que a observação do que acontecia no "Hospital Geral" influenciou o pensamento de Calvino neste particular.38
Como vimos anteriormente, quando Calvino chegou a Genebra em 1536 a cidade já havia abraçado a Reforma. Com a expulsão ou demissão dos clérigos que ministravam às necessidades religiosas, educacionais e sociais da cidade, havia surgido um vácuo. Novas instituições estavam sendo criadas para preencher esse vácuo.39
Uma dessas novas instituições foi criada para socorrer os pobres e recebeu o nome de "Hospital Geral." Este veio a substituir uma rede de sete hospitais e uma fundação pública chamada Pyssis Omnium Animarum Purgatorii ou "Caixa para todas as almas no purgatório." Todas essas instituições tinham sido fundadas entre o final do século treze e meados do século quinze. Os hospitais eram abrigos para órfãos, aleijados, idosos e outras pessoas que não podiam cuidar de si próprias. A Caixa recolhia fundos para ajudar os hospitais e prestava serviços complementares. Essas instituições tinham um propósito secundário – incentivar as orações pelos mortos que supostamente estavam no "purgatório" – o que tornou inevitável o seu colapso com o advento da Reforma Protestante.40
Para substituí-las, o governo municipal criou o Hospital Geral em 1535. Ele estava localizado no centro da antiga Genebra, no que fora o convento das Irmãs de Santa Clara, sendo sustentado por recursos provenientes de diversas fontes. O que é mais importante, no que diz respeito aos nossos propósitos, é que a administração do hospital estava entregue a dois tipos de oficiais: uma junta de procuradores e um hospitaleiro.41
Esse Hospital Geral, com seus procuradores e hospitaleiro, foi criado um ano antes de Calvino chegar a Genebra. Assim sendo, ao chegar ele encontrou as obrigações caritativas da comunidade sendo desempenhadas por dois tipos bastante diferentes de oficiais: um grupo de procuradores que recolhiam esmolas e administravam as questões referentes aos pobres e um hospitaleiro e seus auxiliares que efetivamente cuidavam dos pobres e dos enfermos.42
Esses fatos levam Kingdon a concluir que essa instituição influenciou o pensamento de Calvino acerca do diaconato. Ele observa que, nas suas discussões a respeito da forma adequada para o diaconato, Calvino às vezes utilizou os termos "procuradores" e "hospitaleiros" para designar os dois tipos de diáconos que ele cria serem exigidos pelas Escrituras.43
Neste ponto nos voltamos para a outra fonte das idéias de Calvino acerca do diaconato: as Ordenanças Eclesiásticas de 1541, que ele escreveu como uma constituição para a Igreja Reformada de Genebra, por ocasião do seu retorno definitivo para aquela cidade. Esse código inicia a sua seção sobre "a quarta ordem do governo eclesiástico, a saber, os diáconos," com uma declaração do conceito de um duplo diaconato tão clara e distintiva quanto aquela das Institutas. Em seguida, o documento passa a fornecer os títulos de "procurador" e "hospitaleiro" para os dois tipos de diáconos e descreve com algum detalhe os deveres de cada um.
Kingdon não se surpreende muito em ver que as Ordenanças utilizam termos genebrinos para os dois tipos de diáconos. Afinal, o propósito das mesmas era fornecer uma estrutura para a igreja reformada local.44 O que o deixa surpreso é encontrar os mesmos termos em alguns dos comentários bíblicos de Calvino. Nos seus sermões sobre 1 Timóteo, epístola que no entender de Calvino continha textos comprobatórios essenciais para as suas noções acerca do diaconato, ele também define os dois tipos de diáconos ordenados pela Escritura como "hospitaleiros" e "procuradores" dos pobres.


B. Elsie McKee


Elsie McKee prefere uma explicação teológica para a origem das idéias peculiares de Calvino a respeito do diaconato.45 Ela vê Calvino argumentando que a obrigação de praticar a caridade é a segunda parte do serviço que os regenerados devem a Deus, a primeira parte sendo as obras de devoção prescritas pela primeira tábua da lei.46 A relação entre as duas tábuas da lei, o culto devido a Deus (pietas) e o amor devido ao próximo (caritas), esclarece a relação que existe entre a benevolência e a adoração. "A primeira tábua sempre tem precedência sobre a segunda, o culto sobre a benevolência. Todavia, a evidência mais clara da fé é o amor, não a liturgia."47
Uma vez que o pastor pode ser visto como o ministro do culto da igreja, o líder dos officia pietatis que expressam o primeiro mandamento do amor a Deus, assim o diácono é o ministro da benevolência, o principal líder dos officia caritatis que atuam por causa do amor ao semelhante.
Como as obras de caridade são dirigidas por oficiais que possuem o título de diáconos e a natureza desse ofício é descrita no Novo Testamento, McKee volta-se para a minuciosa história exegética de alguns dos textos-prova de Calvino. Os mais importantes deles para a sua interpretação geral do diaconato são Atos 6.1-6 e 1 Timóteo 3.8-13, e o mais relevante para a sua teoria específica de um duplo diaconato é Romanos 12.8.
Atos 6.1-6 é a perícope tradicionalmente vista como a principal fonte de informações sobre a instituição original do ofício diaconal. Calvino argumentou fortemente que essa passagem coloca sobre a igreja não somente uma obrigação institucional de assistir os pobres, mas também o requisito de que esta obrigação seja cumprida através da criação de uma ordem eclesiástica – os diáconos. O diaconato reformado é um ofício eclesiástico leigo encarregado da benevolência como uma função necessária da igreja. "Esse ofício permanente é o representante da Igreja como Igreja na responsabilidade cristã comum em relação aos pobres e afligidos."48
Além disso, existem algumas passagens do Novo Testamento que efetivamente utilizam a palavra "diácono" e arrolam as qualificações a ser esperadas da pessoa que ocupa tal ofício. A mais extensa dessas passagens é 1 Timóteo 3.8-13. Calvino relaciona esta perícope com Atos 6.1-6 (como a maioria dos intérpretes protestantes) e insiste que o diaconato é um ofício eclesiástico de instituição apostólica, que a sua função é servir aos pobres e não ao bispo, e que se trata de um ofício tanto permanente quanto necessário para a verdadeira igreja. Calvino também dá atenção especial às referências paulinas que relacionam as mulheres, especialmente as viúvas, com a diaconia (Rm 16.1-2; l Tm 5.3-10). Ele usa de maneira especialmente cuidadosa a descrição das viúvas em l Timóteo 5 e, em particular, a sugestão de que a igreja deve utilizar somente viúvas idosas com mais de sessenta anos (vv. 9-10).
O conceito de Calvino acerca de um duplo diaconato repousa sobre a sua interpretação de Romanos 12.8. Ele acredita que esta passagem (vv. 6-8) descreve os diferentes ofícios que Deus quis ver instituídos na igreja, e que os trechos que descrevem o diaconato são a segunda e a quarta cláusulas do v. 8 – aquele que contribui com liberalidade (Vulgata: "simplicidade") é um diácono do tipo "procurador" e aquele que exerce misericórdia com alegria é um diácono do tipo "hospitaleiro."
McKee conclui que a doutrina de Calvino sobre o diaconato, como quase todas as suas doutrinas, procede diretamente da sua leitura esclarecida das Escrituras. Ao mesmo tempo, ela admite que considerações práticas evidentemente também influenciaram a eclesiologia do reformador. "Na tradição reformada, a pluralidade de dons e necessidades dentro da igreja ocasionou a formulação da teoria de um único ministério em diferentes modalidades."49 De acordo com os princípios reformados, existem dois tipos de diáconos porque as Escrituras e a experiência indicam que existem duas tarefas primordiais: a administração, e o cuidado pessoal dos necessitados.50
Kingdon reconhece a força dos argumentos de McKee mas não fica plenamente convencido.51 Ele argumenta que houve uma evolução significativa no conceito de Calvino sobre o diaconato entre 1536 e 1539 (a primeira e a segunda edições das Institutas) e especificamente que Calvino formulou naqueles anos o seu conceito de um duplo diaconato. O que aconteceu entre 1536 e 1539 para dar-lhe um novo conceito sobre o diaconato? A resposta de Kingdon é a mesma de antes – ele acredita que por dois anos Calvino testemunhou o funcionamento bem-sucedido de um duplo diaconato na cidade de Genebra. Ele então foi às Escrituras em busca de um apoio para essa instituição, encontrando-o em Romanos 12.8.
Kingdon admite a possibilidade de outras explicações.52 Calvino pode ter derivado as suas idéias de outros autores protestantes como Lefèvre d’Etaples, Ecolampádio e Martin Bucer, ou de outros modelos institucionais que ele pode ter conhecido em Basiléia e Estrasburgo. Todavia, o fato permanece de que obviamente para Calvino os argumentos mais persuasivos acerca do diaconato eram aqueles baseados em apelos explícitos e precisos às Escrituras.


C. William Innes


William Innes tem uma contribuição interessante nesta questão. Ele declara: "Existem evidências indicando que as idéias próprias [de Calvino] sobre assistência social foram profundamente influenciadas pelo que ele viu implementado em Genebra."53 Ao mesmo tempo, ele chama a atenção para o fato de que os anos passados em Estrasburgo exerceram uma influência duradoura em muitos aspectos da teologia de Calvino: "A influência de Bucer sobre o pensamento de Calvino não pode ser exagerada."54 Calvino não somente professava uma profunda admiração por Bucer, mas concordou com esse reformador em todas as questões teológicas importantes.
Conforme expressa nos seus escritos, a evolução do pensamento de Calvino sobre o diaconato faz Innes chegar a duas conclusões:55 antes de tudo, a dupla função para os diáconos defendida por Calvino não resultou da sua experiência em Genebra, mas da concepção de ministério do seu mentor Martin Bucer, conforme exposto no manual de assistência pastoral Von der wahren Seelsorge. Assim sendo, tanto no seu comentário sobre Romanos 12.8 (1540) como na edição de 1541 das Institutas (4:3:9), Calvino inequivocamente defende dois ofícios distintos na assistência aos pobres: o primeiro para suprir as suas necessidades materiais e o segundo para visitá-los e ministrar a eles.
Em segundo lugar, após o seu retorno a Genebra, Calvino tornou-se mais flexível e prático. Ele mostrou-se disposto a mudar de opinião quanto à natureza exata do diaconato, uma questão relativamente menor, a fim de evitar dificuldades desnecessárias. Conseqüentemente, nas Ordenanças Eclesiásticas de 1541 e nos seus sermões, Calvino adaptou o diaconato de Genebra à situação existente no Hospital Geral. Os sermões sobre 1 Timóteo, pregados no outono e inverno de 1554-1555, definem os diáconos exclusivamente como os dois tipos de oficiais do hospital de Genebra. Calvino fala textualmente nos "…diáconos, ou seja, os ‘hospitaleiros’ e os ‘procuradores’ dos pobres…"56
Dessa maneira, McKee observa que "é correto e natural indagar como a reforma do bem-estar social no século dezesseis (o contexto histórico), bem como a doutrina da igreja (o contexto teológico), contribuíram para moldar o ensino reformado sobre o diaconato."57


V. A Assistência Social na Genebra de Calvino


A. O Hospital Geral


Como Kingdon pondera acertadamente, o fato de o Hospital Geral já existir quando Calvino chegou a Genebra não significa que ele não fez nenhuma contribuição à reforma da assistência social naquela cidade.58 Ao contrário, a contribuição de Calvino foi de vital importância para o êxito do programa assistencial porque ele sacramentou essa reforma e persuadiu os genebrinos de que as suas novas instituções eram criações santas que estavam em conformidade com a Palavra de Deus.59 Assim, a sua contribuição não foi a de um criador, mas a de um consolidador, dando àquelas instituições vitalidade e estabilidade.
Como vimos anteriormente, a primeira contribuição tangível de Calvino à reforma da assistência social foram as Ordenanças Eclesiásticas que ele redigiu para Genebra em 1541. Ele obteve o direito de redigir esse conjunto de leis – com efeito uma constituição para a Igreja Reformada de Genebra – como parte da negociação que o trouxe de volta à cidade. Nas Ordenanças Calvino combinou os seus interesses religiosos com os seus talentos jurídicos.
As Ordenanças dividiram o governo da igreja entre quatro ofícios ministeriais: os pastores, que proclamam a Palavra de Deus; os doutores ou mestres, que estudam e ensinam as Escrituras; os presbíteros, que mantêm a disciplina cristã; e os diáconos, que cuidam dos pobres. O conjunto dos pastores e doutores constituía a Companhia dos Pastores de Genebra, também conhecida como a Venerável Companhia. Os presbíteros e os pastores formavam o Consistório, um tipo de tribunal eclesiástico, a instituição mais controvertida da reforma em Genebra.60
Quanto aos diáconos, as Ordenanças declaram que "sempre houve dois tipos de diáconos na igreja primitiva. Alguns foram comissionados para receber, distribuir e preservar a propriedade dos pobres: as esmolas diárias bem como haveres, rendas e pensões. Outros deviam cuidar dos enfermos, pensar as suas feridas, e dispensar as rações alimentares dos pobres." Os primeiros correspondiam aos procuradores do hospital; os outros, ao hospitaleiro.
A junta de procuradores do hospital era uma das comissões que governavam a cidade. Os seus membros eram eleitos a cada ano a partir de uma lista preparada pelo Pequeno Conselho, o órgão dirigente do governo republicano que agora controlava Genebra. Um procurador do hospital podia ser reeleito para vários mandatos. Geralmente ele era um comerciante próspero ou um profissional. Mais tarde tornou-se habitual que o Conselho pedisse sugestões ao pastor da cidade ao elaborar a lista anual de procuradores. Estes reuniam-se uma vez por semana, geralmente bem cedo aos domingos, para analisar o funcionamento do Hospital Geral e tomar decisões quanto a subsídios de assistência a famílias carentes específicas.
O hospitaleiro era responsável pela administração diária do Hospital Geral.61 Ele morava no próprio hospital com a sua esposa e supervisionava o programa de assistência aos muitos necessitados que ali também residiam, a maioria órfãos e menores abandonados, e alguns deficientes físicos ou decrépitos. O hospitaleiro organizava equipes de cozinheiros que faziam pão e vinho para os internos. Ele era auxiliado por um professor para as crianças, um barbeiro-cirurgião e um farmacêutico que ofereciam assistência médica, e serventes encarregados de tarefas mais simples. A equipe devia produzir uma boa quantidade extra de pão que era distribuído uma vez por semana a famílias pobres que necessitavam de auxílio temporário. Em sua reunião semanal os procuradores preparavam uma lista dessas famílias. Geralmente o hospitaleiro era um comerciante, muitas vezes um mercador idoso que desejava uma ocupação mais sedentária.
Em Genebra, os procuradores e o hospitaleiro do Hospital Geral, que correspondiam aos dois tipos de diáconos, ficavam sob a supervisão dos pastores e presbíteros, representando a igreja, e de um dos quatro síndicos (os magistrados governantes), representando o governo secular. Vários desses oficiais supervisores deviam visitar e inspecionar o Hospital Geral a cada três meses.
As Ordenanças Eclesiásticas também deram aos pastores um papel importante na escolha dos diáconos. O governo da cidade considerava tanto a junta de procuradores do hospital quanto o consistório de presbíteros como comissões permanentes da municipalidade, sujeitas a eleição anual, aquela estando encarregada de assistir os pobres e este de manter a moralidade.
As Ordenanças de Calvino determinavam que o Pequeno Conselho devia consultar os pastores ao elaborar as suas listas anuais de presbíteros e diáconos. Elas também sugeriam que os mandatos desses cargos fôssem prorrogados muitas vezes, contanto que os oficiais estivessem fazendo um bom trabalho. Essa era uma fonte de estabilidade e continuidade para o trabalho de ambas as instituições. Finalmente, as Ordenanças sugeriam os tipos de homens que deviam ser considerados para esses cargos de acordo com o modelo encontrado em 1 Timóteo 3 e Tito 1.
Parece que por muito anos o governo da cidade deixou de consultar os pastores na seleção dos diáconos.62 A consulta tornou-se efetiva somente em 1562, quando a Companhia dos Pastores queixou-se de que as Ordenanças não estavam sendo observadas nesse particular. Todavia, existem evidências sugerindo que durante o ministério de Calvino a sua influência na escolha dos diáconos foi importante, mesmo quando indireta. Com o passar dos anos, os homens escolhidos tendiam a estar cada vez mais próximos dele e do grupo que apoiava as suas linhas de ação.
Innes observa que os procuradores eram partidários devotados de Calvino.63 Por esta e outras razões, ele raramente precisava intervir no funcionamento e administração do sistema do hospital, particularmente nos anos posteriores da sua vida. No início da década de 1560 surgiu uma espécie de ministério leigo dedicado constituído por homens que participavam tanto do Consistório quanto da junta do hospital, e eram leais aos pastores.


B. O Fundo Francês


O Hospital Geral foi concebido tão somente para aliviar a pobreza entre os genebrinos. As leis locais pouco ou nada diziam a respeito dos estrangeiros. Essa situação poderia tornar-se uma fonte de sérias dificuldades por causa do enorme influxo de refugiados religiosos na cidade. Muitos protestantes de outros países, principalmente da França, mas também da Itália, Inglaterra e Espanha, estavam indo para Genebra, forçados pela perseguição religiosa e atraídos pela pregação de Calvino e pela comunidade modelo que ele estava criando.64
Calcula-se que entre 1541 e 1560 a população da cidade duplicou, e que a maior parte desse aumento resultou da imigração. Esse influxo intenso de refugiados em Genebra acarretou sérios problemas sociais. Os recém-chegados estavam competindo com os moradores locais por espaço, alimento e trabalho. As condições sanitárias eram precárias e as doenças contagiosas, endêmicas. Muitos dos refugiados eram relativamente prósperos, mas alguns precisavam de assistência.
A fim de fazer face a esses problemas causados pela imigração, foi criada uma nova instituição, a Bourse des pauvres étrangers français (Fundo para os estrangeiros franceses pobres), mais conhecida como Bourse française (Fundo francês).
Jeaninne Olson, uma professora de história no Rhode Island College, escreveu uma importante obra sobre este tópico, com base em extensas pesquisas nos arquivos de Genebra.65 Ela argumenta que o Fundo Francês foi uma inovação entre as instituições assistenciais da Europa, que dedicavam-se primariamente ao atendimento de necessidades locais.66
O Fundo Francês pode já ter sido criado em 1545. Naquele ano, David Busanton, um rico refugiado, deixou para as cidades de Estrasburgo e Genebra dois consideráveis legados para o auxílio de refugiados religiosos. Calvino comunicou alegremente o recebimento do legado ao seu amigo Viret. Alguns estudiosos acreditam que foi isto que deu origem ao Fundo Francês, mas nenhuma cópia do testamento de Busanton chegou até nós. Em 1550 o Fundo obviamente já estava em funcionamento, pois os seus livros contábeis daquele ano foram preservados. Os diáconos que então administravam o Fundo tinham se fixado em Genebra em 1549. Assim sendo, parece que o Fundo foi inicialmente criado logo após 1545 e tornou-se plenamente organizado em 1549, justamente quando começou o intenso fluxo migratório religioso da França para Genebra.67
Na época em que têm início os registros sobreviventes do Fundo, este era dirigido por três refugiados franceses que eram denominados os seus diáconos. Todos os três eram homens de posses consideráveis. O mais conhecido e atuante deles era Jean Budé, o chefe de uma família muito ilustre (o seu pai Guillaume Budé foi um dos grandes intelectuais do século dezesseis). Budé tornou-se o primeiro diácono conhecido do Fundo Francês, manteve os seus livros de registros por doze anos e continuou a servir o Fundo de outras maneiras até a sua morte em 1587.
Essencialmente, o que o Fundo fazia era angariar dinheiro de refugiados ricos e utilizá-lo para dar assistência a refugiados pobres. Os diáconos mantinham listas desses contribuintes, que incluíam figuras destacadas, entre elas o mais famoso refugiado de todos, o próprio João Calvino. Calvino fazia regularmente generosas contribuições ao Fundo Francês e também recomendava pessoas a serem assistidas. Eventualmente os diáconos recrutaram coletores para ajudá-los a arrecadar esses fundos e mais tarde também auditores para examinarem as contas.
Os diáconos do Fundo gastavam os recursos com uma impressionante variedade de projetos caritativos. Eles ajudavam os novos refugiados a obterem moradia em casas particulares, hospedarias ou pensões. Eles forneciam camas ou colchões, pequenas doações em dinheiro ou cereais para os carentes, conjuntos de ferramentas, ou matrículas para os aprendizes de ofícios. Os diáconos contratavam amas de leite ou mães adotivas para os bebês cujas mães refugiadas haviam morrido. Eles também ofereciam serviços médicos através de um médico, um barbeiro-cirurgião e um farmacêutico. Os diáconos compravam tecidos e contratavam alfaiates e costureiras para fazerem roupas para os pobres.68
Os diáconos do Fundo Francês também aplicavam recursos em muitos outros projetos ministeriais. Eles contrataram copistas em tempo integral para copiarem os sermões e palestras de Calvino. Eles custearam a distribuição na França de um saltério ou hinário recentemente traduzido e de outros livros religiosos. O Fundo envolveu-se até mesmo com a obra missionária ao sustentar pastores que estavam em Genebra aguardando sua nomeação para igrejas na França, bem como as viúvas e filhos órfãos de pastores que haviam morrido no exercício de suas funções.69
Todas essas atividades eram até certo ponto supervisionadas e incentivadas pelos pastores. Calvino bem pode ter participado da criação do Fundo Francês. Ele certamente era um amigo próximo dos seus primeiros diáconos; há registros de que eles ocasionalmente reuniam-se em sua casa. Ele deu-lhes dinheiro do seu salário regularmente, e não hesitou em recomendar a esses diáconos indivíduos ou projetos específicos que julgava merecedores de assistência.
Olson observa que "o Fundo Francês contém exemplos concretos do pensamento de Calvino posto em ação, revelando que ele não somente pregava a caridade mas também auxiliava generosamente os pobres."70 O Fundo Francês em essência honrou as idéias germinais do reformador acerca da caridade e do papel dos diáconos. A visão de Calvino a respeito dos deveres dos cristãos para com os necessitados e do papel dos diáconos na igreja forneceu o arcabouço conceptual dentro do qual surgiu o Fundo Francês.71
Olson também observa que o Fundo adaptava-se muito mais de perto que o hospital de Genebra ao ideal de uma organização dirigida por oficiais da igreja.72 A seção acerca dos diáconos nas Ordenanças Eclesiásticas, formulada com base no modelo do Hospital Geral, não combina com os diáconos do Fundo Francês, onde não havia nenhuma divisão no ofício diaconal. "O Fundo combinava tanto o trabalho administrativo (como o dos procuradores do hospital) quanto os contatos pessoais (como o do hospitaleiro) no único ofício de diácono."73
Dessa maneira, McKee argumenta que a cidade-estado de Genebra oferece exemplos do diaconato reformado tanto na sua forma "oficial" quanto na forma "não oficial."74 Ela sustenta que, na sua diversidade, os modelos oficial e não oficial ilustram um elemento de adiaphora ("coisas indiferentes") no ofício de diácono. "Do ponto de vista teológico, no entanto, ambos os diaconatos eram considerados ofícios eclesiásticos, e juntos permanecem como um claro testemunho da preocupação de Calvino com a atuação da Igreja como Igreja na esfera social."75
No Hospital Geral, a influência de Calvino era indireta, porém evidente. No caso das organizações voluntárias de refugiados como o Fundo Francês, que estavam ligadas muito mais de perto à igreja, a sua participação foi vigorosa e acentuada. Esta diferença nas atividades beneficentes do reformador não envolve necessariamente maior aprovação a uma das instituições do que à outra. Ela apenas sugere um certo grau de realismo (bem como de sentimento patriótico): uma das organizações tinha maior necessidade prática de auxílio.


Conclusão


As instituições beneficentes criadas pela Reforma em Genebra subsistiram por vários séculos e serviram para ilustrar dois princípios essenciais acerca da administração da caridade cristã: o papel essencial dos leigos e a necessidade de flexibilidade e inovação.
O sistema de beneficência de Genebra foi notável porque, entre outras razões, respondeu à ênfase teológica de Calvino sobre a caridade como uma expressão necessária do amor a Deus e ao próximo. O diaconato (bem como a entrega de ofertas para fins caritativos no culto formal) era uma expressão dessa preocupação fundamental. Dentro desse contexto, a Igreja Reformada achou necessário cuidar dos necessitados de uma maneira organizada, principalmente através de instituições como o Hospital Geral e o Fundo Francês.
Existe uma coerência fundamental entre as idéias de João Calvino a respeito de dinheiro, pobreza e ética cristã, por um lado, e as práticas beneficentes da Igreja Reformada de Genebra, por outro lado. Calvino não somente escreveu e pregou amplamente sobre o assunto, mas, juntamente com os outros pastores locais, pressionou repetidamente as autoridades locais para que protegessem os pobres e adotassem leis que favorecessem a beneficência.
A maior parte das noções de Calvino acerca do diaconato e da beneficência não eram inteiramente novas. Ele foi obviamente influenciado por outros reformadores e por situações concretas que testemunhou ao seu redor. Essencialmente, Calvino e os demais reformadores criam que o cristão é um mordomo das dádivas de Deus e que a boa mordomia leva o crente a ter um espírito aberto e generoso para com os menos afortunados.
Em conclusão, é estimulante ver o lugar de destaque dado por Calvino às preocupações sociais tanto na sua teologia de maneira geral como nas suas práticas ministeriais na cidade de Genebra. Este é um precioso legado que necessita ser redescoberto e resgatado por seus herdeiros contemporâneos, numa época em que muitas igrejas evangélicas e reformadas têm se esquecido das suas responsabilidades nessa área.
Ainda que à igreja de Cristo não caiba primordialmente a tarefa de resolver os graves problemas sociais do nosso país, o testemunho insistente das Escrituras e o exemplo eloqüente dos que nos precederam na fé não nos permitem ficar inativos nessa área, se realmente nos consideramos seguidores daquele que "andou por toda parte, fazendo o bem" (Atos 10.38).