Quem é este?
Nesta lição, completaremos o
estudo do “dia agitado” de
Jesus—aquele dia que começou com as acusações
blasfemas dos fariseus e que terminou com a retirada
de Jesus para a margem oriental do mar da Galiléia.
O tema desta lição encontra-se nas palavras
dos discípulos, quando Cristo acalmou a tempestade:
“Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?”
(Marcos 4:41; veja Lucas 8:25; Mateus 8:27). A
pergunta “quem é este?” ecoou por todo o ministério
de Jesus—indicando como era difícil as pessoas
compreenderem quem Ele realmente era. Quando
Cristo curou o homem que desceu pelo telhado, os
fariseus perguntaram:
“Quem é este que diz blasfêmias?”
(Lucas 5:21). Quando Jesus perdoou a mulher
que lavou os Seus pés com lágrimas, os outros
convidados perguntaram: “Quem é este que até perdoa
pecados?” (Lucas 7:49). Quando um relatório
das atividades de Cristo chegou ao rei Herodes, ele
perguntou: “Quem é, pois, este a respeito do qual
tenho ouvido tais coisas?” (Lucas 9:9). Quando Jesus
fez Sua entrada triunfal em Jerusalém, “toda a
cidade se alvoroçou, e perguntavam: Quem é este?”
(Mateus 21:10). Esta lição destacará três ocasiões em
que Cristo deixou seus espectadores perplexos.
“QUEM É ESTE QUE ACALMA A
TEMPESTADE?”
(Mateus 8:18, 23–27; Marcos 4:35–41;
Lucas 8:22–25)
Na lição anterior, falamos sobre “o primeiro
grande grupo de parábolas”. Segundo Mateus, “tendo
Jesus proferido estas parábolas, retirou-Se dali”
(Mateus 13:53) . Marcos relatou que Jesus partiu
para a margem oriental do mar da Galiléia: “Naque-
Jesus acalmou pelo menos duas tempestades. Esta foi
a primeira.
Nesta altura da narrativa, Mateus falou dos candidatos
a discípulo (Mateus 8:19–22). Lucas registrou o mesmo incidente
ou um semelhante muito depois, em Lucas 9:57–62.
le dia [o dia em que Ele falou por parábolas (Marcos
4:34)], sendo já tarde , disse-lhes Jesus: Passemos
para a outra margem” (4:35). Esta é a primeira de
quatro travessias registradas sobre Cristo passando
para a outra margem do mar. Marcos escreveu: “E
eles, despedindo a multidão, o levaram assim como
estava, no barco” (4:36a)—ou seja, partiram imediatamente,
sem preparação e sem provisões. E Marcos
acrescentou: “outros barcos o seguiam” (4:36b).
Esses barcos podem ter sido arrastados para junto
do barco em que Jesus estava (4:1) a fim de permitir
que mais pessoas O ouvissem. Talvez esse detalhe
tenha sido inserido para mostrar que havia outras
testemunhas da tempestade que se levantou e depois
cessou rapidamente.
A razão de Cristo fazer essa travessia era descansar
um pouco da multidão (veja Mateus 8:18;
Marcos 4:36). Embora Ele fosse totalmente divino,
Ele também era totalmente humano e aquele “dia
agitado” O deixara exausto; por isso, logo caiu no
sono (Lucas 8:23). Marcos observou que “Jesus estava
na popa, dormindo sobre o travesseiro…” (Marcos
4:38). A popa era a parte traseira do barco, onde
havia mais espaço. “O travesseiro” provavelmente
era uma espécie de capa para cadeiras, talvez uma
pele de animal que podia ser enrolada para servir
de travesseiro. J. W. Shepard escreveu o seguinte:
Esperaremos até chegarmos a Lucas 9 para estudar esse episódio.
“Tarde” é um termo flexível. Poderia ser início ou fim
de tarde. Quando finalmente chegaram à outra margem, um
endemoninhado os viu de longe (Marcos 5:6). Talvez tenham
saído no início da tarde e ainda não estava escuro quando
chegaram ao outro lado. Talvez tenham saído de tardezinha
e, por conta da tempestade, levaram a noite toda para atravessar,
chegando lá na manhã seguinte. A primeira possibilidade
é mais provável.
Já comentamos a respeito do mistério da encarnação
antes (veja a lição “Cristo Está Chegando!”, na edição “A
Vida de Cristo—Parte 2”, desta série).
“Quem é este?”
Leitura Bíblica 13
V. DA SEGUNDA À TERCEIRA PÁSCOA (continuação).
P. Acalmando a tempestade (Mateus 8:18, 23–27; Marcos 4:35–41;
Lucas 8:22–25).
Q. Curando dois endemoninhados (Mateus 8:28–34; 9:1; Marcos
5:1–21; Lucas 8:26–40).
R. Comendo com pecadores (e um discurso sobre jejum) (Mateus
9:10–17; Marcos 2:15–22; Lucas 5:29–39).
Fraqueza, cansaço e esgotamento dominaram o
físico do Jesus humano, e ele Se deitou imerso
em profundo sono, abanado pela brisa do lago
e embalado pelo suave movimento rítmico do
barco…. Perto dEle, os discípulos conversavam
em volume reduzido sobre os acontecimentos
do dia, enquanto outros manejavam silenciosamente
as velas e guiavam a embarcação flutuante
sobre as águas plácidas.
A distância, por mar, de Cafarnaum até “a terra
dos gerasenos” era de apenas alguns quilômetros .
Sob circunstâncias favoráveis, a viagem podia ser
feita em duas ou três horas.
Essa viagem não foi realizada sob circunstâncias
favoráveis. Não demorou muito para se formar
uma tempestade: “E eis que sobreveio no mar uma
grande tempestade”, “uma tempestade de vento no
lago” (Mateus 8:24; Lucas 8:23a). As ondas “se arremessavam
contra o barco, de modo que o mesmo
já estava a encher-se de água” (Marcos 4:37). E corriam
“o perigo de soçobrar” (Lucas 8:23).
O mar da Galiléia até hoje está sujeito a tempestades
repentinas. E fica mais de duzentos metros
abaixo do nível do mar, sendo cercado por terrenos
montanhosos. Quando o ar frio invade as encostas
das montanhas em direção ao lago, em questão de
minutos a superfície calma pode se transformar
numa porção de ondas espumantes e turbulentas.
Alguns dos tripulantes eram pescadores e, sem
dúvida, haviam visto muitas tempestades naquele
mar. O fato de até eles estarem amedrontados indica
que aquela não era uma tempestade comum.
Enquanto o barco era lançado pelas ondas, Jesus
continuava dormindo. Poderíamos perguntar:
“Quem é este que consegue dormir durante uma
tempestade?” A primeira resposta poderia ser: “É
um Homem totalmente exausto”. Uma resposta
mais completa seria “um Homem exausto que confia
no Seu Deus”.
Jesus não ficou preocupado com a tempestade,
mas Seus discípulos ficaram. Os escritores sinóticos
registraram “um balbuciar de vozes confusas”
: “Chegando-se a ele, despertaram-no dizendo:
J. W. Shepard, The Christ of the Gospels (“O Cristo dos
Evangelhos”). Nashville: Parthenon Press, 1939), p. 232; citado
em H. I. Hester, The Heart of the New Testament (“O Coração
do Novo Testamento”). Liberty, Mo.: Quality Press, 1963,
p. 148.
Veja o mapa da região em torno do mar da Galiléia na
página 15 da edição “A Vida de Cristo—Parte 3”, desta série.
J. W. McGarvey e Philip Y. Pendleton, The Fourfold
Gospel or A Harmony of the Four Gospels (“O Evangelho Quádruplo
ou Harmonia dos Quatro Evangelhos”). Cincinnati:
Standard Publishing Co., 1914, p. 343.
Mestre, Mestre, estamos perecendo!” (Lucas 8:24);
“…vieram acordá-lo, clamando: Senhor, salva-nos!
Perecemos!” (Mateus 8:25); “…eles o despertaram
e lhe disseram: Mestre, não te importa que pereçamos?”
(Marcos 4:38).
Não sabemos ao certo o que esperavam que Jesus
fizesse. Nunca tinham visto o Mestre acalmar
uma tempestade, e aparentemente ficaram surpresos
quando Ele acalmou aquela (Mateus 8:27; Marcos
4:41; Lucas 8:25). Talvez fossem como um filho
amedrontado que grita aos pais: “Façam alguma
coisa!”—embora ele mesmo não faça idéia do que
seria fazer “alguma coisa” .
Os discípulos estavam aterrorizados, mas Cristo
não. Primeiro Ele repreendeu os discípulos: “Por
que sois tímidos, homens de pequena fé?” (Mateus
8:26a) . A NVI diz: “Por que vocês estão com tanto
medo…?” A seguir, Jesus “repreendeu o vento
e a fúria da água”: “Acalma-te, emudece!” (Lucas
8:24b; Marcos 4:39a). As ondas “cessaram”; “o vento
se aquietou e fez-se grande bonança” (Lucas 8:24;
Marcos 4:39b). A calmaria instantânea tanto do vento
como das ondas foi um milagre duplo, pois o normal
seria a superfície da água continuar agitada por
um tempo, mesmo após o vento cessar.
Os discípulos de Jesus haviam visto tempestades
virem e irem no mar da Galiléia, mas nunca
haviam visto nada igual àquilo. Maravilhados10, eles
indagaram: “Quem é este…?” (Mateus 8:27); “Quem
é este que até aos ventos e às ondas repreende, e lhe
obedecem?” (Lucas 8:25b). A resposta à pergunta
deles é: “um Homem de poder” (veja Lucas 4:14;
5:17; 6:19; 8:46; 1 Coríntios 5:4; 2 Coríntios 12:9).
Esta história tem aplicações para você e para
mim. Todos nós temos sido levados pelas tempestades
da vida. Às vezes, como os discípulos, permitimos
que nossa fé vacile e indagamos: “Mestre, não
te importa que pereçamos?” (Marcos 4:38). Precisamos
lembrar que Ele pode acalmar a tormenta no
peito do cristão com a mesma facilidade com que
acalmou as ondas da Galiléia11.
Também é possível que eles só quisessem que Jesus
estivesse tão preocupado quanto eles. A maioria de nós gosta
de companhia quando está preocupa.
Marcos e Lucas registraram a repreensão (ou uma segunda
repreensão) após a tempestade ser acalmada (Marcos
4:40; Lucas 8:25).
10 Por vários motivos, alguns milagres afetaram certas
pessoas mais profundamente que a outras.
11 Se quiser, faça uma pausa para cantar ou apenas ler o
cântico “Sossegai”, Salmos, Hinos e Cânticos Espirituais, nº 62.
São Paulo: Editora Vida Cristã, 1ª ed., 1976.
“QUEM É ESTE QUE CURA CORPOS E
ALMAS?” (Mateus 8:28–34; Marcos 5:1–21;
Lucas 8:26–40)
Finalmente, Jesus e os discípulos chegaram ao
destino deles na margem oriental do mar. Mateus
disse que eles chegaram “à terra dos gadarenos”
(Mateus 8:28) e Marcos e Lucas denominaram a região
de “terra dos gerasenos” (Marcos 5:1; Lucas
8:26)12. Gerasa (também conhecida como Gergesa)
era um povoado na praia oriental do mar. Toda a região
era governada por Gadara, alguns quilômetros
ao Sudeste. O local, portanto, era conhecido tanto
por “terra dos gerasenos” como por “terra dos gadarenos”
13.
Se o desejo de Jesus era descansar naquele local
isolado, esse descanso Lhe foi negado; pois Ele foi
recebido por um estranho comitê de boas-vindas.
“Tendo ele chegado à outra margem, à terra dos gadarenos,
vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados,
saindo dentre os sepulcros” (Mateus 8:28a)14.
Mateus falou de dois endemoninhados, enquanto
Marcos e Lucas se concentraram no endemoninhado
mais notório dos dois15.
Quando Jesus começou a expulsar os espíritos
malignos dos dois homens, os demônios pediram
permissão para entrar numa manada de porcos16
que pastava numa encosta próxima17. Quando os
demônios entraram nos porcos, estes ficaram enlouquecidos,
desceram a encosta correndo e se precipitaram
em direção ao mar morrendo afogados.
Anos atrás, John S. Sweeney estava participando
de um debate com um pregador denominacional sobre
a forma de se realizar o batismo: se o Novo Testamento
ensina que o batismo deve ser por imersão
ou por aspersão. O pregador denominacional assumiu
a posição extrema de que não havia exemplos
de imersão no Novo Testamento. Numa tentativa
cômica, ele disse: “Bem, tem sim um caso de imersão
no Novo Testamento”—e referiu-se à história
dos dois mil porcos que afundaram no mar. Quan-
12 A ERC inverte os dois termos, mas essa diferença não
é tão importante.
13 Os críticos da Bíblia classificaram isto como “uma contradição”
até que as ruínas de “Kherasa” (ou seja, Gerasa)
foram descobertas.
14 Veja um estudo mais completo sobre esse incidente,
especialmente do ponto de vista do endemoninhado mais
conhecido, no sermão após esta lição.
15 Esta é uma ocorrência comum nos relatos do evangelho.
16 Veja as especulações sobre o motivo desse pedido no
sermão após esta lição.
17 A um quilometro e meio das ruínas de Kherasa (veja a
nota de rodapé 13) há um monte que avança até o mar.
do o irmão Sweeney subiu à plataforma, ele replicou:
“Sim, esse foi um caso de imersão—e porque o
diabo perdeu seu bacon no negócio, ele tem tentado
modificar a forma de batismo desde então!”18
Quando o povo daquela terra soube o que havia
acontecido, imploraram que Cristo fosse embora.
(Ficaram com medo de perder mais animais, suponho
eu.) Quando Jesus estava pronto para ceder ao
pedido deles, um dos homens curados pediu para ir
com Ele (Marcos 5:18). Jesus respondeu: “Vai para
tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o
Senhor te fez e como teve compaixão de ti” (Marcos
5:19).
Podemos questionar por que Jesus mandou
aquele homem partilhar o que havia acontecido,
quando a outros mandou que nada dissessem (Marcos
1:43, 44). Uma razão pode ser o fato dessa cura
ter ocorrido além da esfera de influência dos fariseus
e escribas. Seria menos provável que a publicidade
naquela região incitasse a animosidade de
Seus adversários. Outra possível razão é que, vendo-
Se obrigado a ir embora antes de pregar, Jesus
quis deixar uma testemunha naquele lugar.
O homem fez o que o Senhor lhe pedira: “Então,
ele foi e começou a proclamar em Decápolis19 tudo o
que Jesus lhe fizera; e todos se admiravam” (Marcos
5:20). A conseqüência disso foi Jesus ter uma recepção
mais favorável na próxima vez em que foi àquela
província (Marcos 7:31–37).
Essa história é impressionante e emocionante.
Visualizada em nossas mentes, ela nos leva a perguntar:
“Quem é este que alcança os não amados,
que cura corpos e mentes?” A resposta é: “um Homem
com sentimento”.
Aprendamos com este relato que Jesus ama a todos.
Você acha que Jesus nunca poderia amá-lo por
causa de quem e do que você é? Lembre-se daqueles
homens sujos, maltrapilhos e selvagens emergindo
da escuridão diante de Cristo. Jesus os amou—e Ele
ama você também! (Veja Apocalipse 1:5.)
18 Esta história foi adaptada de minhas anotações das
aulas do irmão J. W. Roberts sobre a vida de Cristo. Earl West
alistou o irmão Sweeney entre os debatedores mais bem conhecidos
dos seus dias (Earl I. West, The Search for the Ancient
Order, vol. 4, A History of the Restoration Movement 1919–1950
(“História da Restauração 1919–1950”). Germantown, Tenn.:
Religious Book Service, 1987, p. 214.
19 “Decápolis” era “a região das dez cidades”. Veja o
mapa na página 37.
“QUEM É ESTE QUE COME COM
PECADORES?” (Mateus 9:1, 10–17;
Marcos 2:15–22; Lucas 5:29–39)
Quando o povo de Gerasa20 pediu que Jesus
fosse embora, “entrando… [Ele] num barco, passou
para o outro lado e foi para a sua própria cidade”
(Mateus 9:1). Ou seja, Ele voltou para Cafarnaum.
Ali grandes multidões foram ao Seu encontro (veja
Marcos 5:21; Lucas 8:40). É difícil precisar o que
aconteceu em seguida. Não muito depois de voltar,
Jesus ressuscitou a filha de Jairo (Mateus 9:18–26;
Marcos 5:22–43; Lucas 8:41–56). Estudaremos esse
incidente na próxima lição, mas queremos concluir
esta lição com uma história inserida por Mateus a
esta altura da narrativa21. Depois de registrar seu
chamado para o discipulado, Mateus falou de um
banquete que ele mesmo ofereceu em homenagem
a Cristo. Todos os escritores dos evangelhos sinóticos
escreveram sobre esse evento, uma reunião que
resultou em muitas críticas contra o Convidado de
honra.
Crítica nº 1: Comer com Pecadores
“Então, lhe ofereceu Levi [ou seja, Mateus] um
grande banquete em sua casa” (Lucas 5:29a). Naturalmente,
Mateus convidou seus velhos amigos e
ex-sócios. A casa logo ficou cheia de coletores de impostos
e outros rejeitados da sociedade: “…estavam
juntamente com ele e com seus discípulos muitos
publicanos e pecadores; porque estes eram em grande
número e também o seguiam” (Marcos 2:15)22.
20 Mateus usa o termo “gadarenos”, mas usei Gerasa referindo-
me aos gerasenos, pois escolhi esse termo, como fiz
na seção anterior. Conforme já foi dito, a região possuía duas
designações.
21 Muitas harmonias colocam a história da filha de Jairo
logo após a volta de Jesus à margem ocidental do mar.
Outras inserem a história do banquete de Mateus antes da
história de Jairo, com base em Mateus 9:18, que indica que o
discurso de Cristo no banquete de Mateus foi interrompido
por Jairo. John Broadus, que seguiu esta seqüência, inseriu
a seguinte observação: “A questão da posição [da história
do banquete de Mateus] não pode ser definida, e ela não
faz diferença para a compreensão do conteúdo da seção”
(John A. Broadus, Harmony of the Gospels in the Revised Edition
[“Harmonia dos Evangelhos na Edição Revista”]. Nova
York: A. C. Armstrong & Son, 1906, p. 36; citado em John F.
Carter, A Layman´s Harmony of the Gospels [“Harmonia dos
Evangelhos por um Leigo”]. Nashville: Broadman Press,
1961, p. 138). Se você estudou a história do banquete de Mateus
anteriormente (reveja a nota de rodapé 33, na página 20,
de “A Vida de Cristo—Parte 3”), vá agora para a história de
Jairo (veja a próxima lição).
22 J. W. McGarvey reforçou que os atos e argumentos de
Jesus “não justificam que nos mantenhamos na companhia
de pessoas más por nenhum outro motivo senão fazer-lhes
o bem—ou seja, como seus médicos da alma” (McGarvey e
Pendleton, p. 350). Veja 1 Coríntios 15:33.
Os fariseus, que seguiam constantemente os
rastros do Senhor, começaram a murmurar (Lucas
5:30a). Perguntaram aos discípulos: “Por que come
o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?”
(Mateus 9:11). A resposta de Cristo foi clássica: “Os
sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não
vim chamar justos23, e sim pecadores, ao arrependimento”
(Lucas 5:31, 32)24.
Crítica nº 2: Não Jejuar
Destemidos, os fariseus lançaram uma segunda
crítica, talvez incitados pelo fato de Jesus e Seus discípulos
estarem se divertindo no banquete de Mateus:
“Por que motivo jejuam os discípulos de João
e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?”
(Marcos 2:18). Alguns dos discípulos de João
estavam presentes e se intrometeram na conversa,
perguntando: “Por quê?” (Mateus 9:14)25.
A essência da pergunta era: “Por que você não
está dando continuidade às tradições que os nossos
pais começaram tanto tempo atrás?”26 Cristo praticamente
respondeu que a vinda do Messias anunciava
uma nova era, a qual nem sempre seria compatível
com as tradições do passado. A resposta de Jesus
teve duas partes. A primeira consistia no fato de que
a tradição do jejum era inapropriada para os Seus
discípulos. Ele comparou a vinda do Messias com
a celebração de um casamento (Mateus 9:15; Marcos
2:19, 20; Lucas 5:34, 35): essas celebrações eram
momentos para se alegrar, e não para lamentar27.
23 Neste contexto, “os justos” refere-se aos que pensavam
ser justos e não precisavam de arrependimento—em outras
palavras, Jesus se referia aos escribas e fariseus.
24 No relato de Mateus (9:12, 13), está inclusa na resposta
de Jesus uma citação de Oséias 6:6. Observamos numa lição
anterior que Cristo usou a citação em outro contexto para
reforçar que deixar que os homens satisfaçam sua fome é
mostrar misericórdia. Em Mateus 9, a idéia é que incentivar
pecadores a se arrependerem é mostrar misericórdia.
25 É triste ver os discípulos de João se juntarem aos fariseus
nesse questionamento.
26 As práticas de jejum dos fariseus não eram ordenadas
pela Lei de Moisés, mas eram produto de tradições humanas.
Veja o breve comentário sobre jejum na lição “Mas,
digo-vos”, na edição “A Vida de Cristo—Parte 3”. Como já
foi salientado, Jesus estava de fato dizendo que o jejum era
uma questão opcional para Seus discípulos. O fato de que
Ele mesmo não jejuava regularmente é suficiente para provar
que o jejum não é um ingrediente essencial à manutenção
da piedade.
27 A ilustração de Jesus poderia ser classificada como
uma parábola. Nessa parábola, Ele é o noivo e os convivas
são Seus discípulos. A descrição da noivo sendo “levado” é
uma referência velada à Sua morte. A afirmação de que “naquele
dia jejuarão” refere-se à tristeza dos discípulos quando
Cristo morresse.
Autor: David Roper
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(Jejuar, para os judeus, era símbolo de contrição e
angústia.)
A segunda parte da resposta de Jesus foi que incorporar
tradições feitas por homens seria desastroso
para o regime do Messias. Adicionar as tradições
dos fariseus ao ensino de Jesus seria como remendar
tecido novo em tecido velho (Lucas 5:36). Quando
o tecido novo encolhesse, ele rasgaria o velho. E
ainda, tentar misturar as tradições antigas com Seu
novo estilo seria como colocar vinho novo em odres
velhos28. Os resíduos nas bordas dos velhos odres
fariam o vinho novo fermentar e expandir-se, o que
racharia os odres velhos e frágeis (Lucas 5:37)29.
Jesus sabia que os fariseus não estavam dispostos
a aceitar o Seu novo estilo. Entristecido, Ele falou
dos que nem ao menos avaliavam a possibilidade
de mudar, que sempre diziam: “O velho é excelente”
(Lucas 5:39)30.
Antes de sairmos desta história, eu gostaria de
retroceder ao incidente que provocou as críticas
contra o Senhor: o fato de Jesus comer com cobradores
de impostos e outros pecadores. “Quem é este
que come com pecadores?” A resposta é: “um Homem
com propósito”. Jesus disse: “Não vim chamar
justos, e sim pecadores, ao arrependimento” (Lucas
5:32). Ele também disse em outra ocasião: “…o Filho
do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lucas
19:10).
Você é um pecador? Você se pergunta se Jesus Se
importa com você? Veja-O no banquete de Mateus,
comendo, conversando, rindo com o que os judeus
consideravam a escória da sociedade. Ele ama os
pecadores! Ele ama você!
CONCLUSÃO
Estudamos três exemplos de como Cristo deixou
perplexos os que estavam à Sua volta:
“Quem é este que acalma ventos e on-
28 Usavam-se peles de animais para se fazer os recipientes
de líquidos, naqueles dias. Essa ainda é a prática em algumas
partes do mundo. Com o passar do tempo, essas peles
ficavam secas, sensíveis e frágeis.
29 Lucas 5:36 chama essas ilustrações de parábolas. Não
as force para ensinar outra coisa que não seja a idéia principal:
tentar misturar tradições humanas com o ensino de
Jesus seria desastroso.
30 Cristo não estava falando dos que se recusam a mudar
velhas tradições não inspiradas para novas tradições não
inspiradas; antes, referia-Se aos fariseus que não estavam
dispostos a abandonar suas velhas tradições para adotar o
estilo de Cristo.
•
das?” Um Homem de poder.
“Quem é este que cura corpos e mentes?”
Um Homem com sentimentos.
“Quem é este que come com pecadores?”
Um Homem com propósito.
O propósito de Jesus era chamar os pecadores
ao arrependimento. Se você ainda está em pecado,
oro para que esta lição o leve a chegar-Se a Jesus
com humildade e contrição. No íntimo do seu coração,
responda a pergunta “Quem é este?” com a
seguinte certeza: “Ele é Aquele que me ama e que
morreu por mim!”
Notas
Cada história desta lição pode servir de base
para um sermão. O sermão a seguir é sobre a cura
de um dos endemoninhados gerasenos.
Muitos sermões já foram pregados sobre Jesus
acalmando a tempestade. Falei recentemente sobre
“As Tempestades da Vida”. Primeiro, eu me referi a
terríveis tempestades físicas que os meus ouvintes
estavam enfrentando, e depois me referi a tempestades
que eles já tiveram de enfrentar. Observei que,
às vezes, nos sentimos como os discípulos: “Mestre,
não te importa que pereçamos?” Meu foco foi
a pergunta feita pelos apóstolos: “Quem é este que
até os ventos e o mar lhe obedecem?” (Mateus 8:27).
Respondi: 1) o tipo de Homem que ama você (Apocalipse
1:5); 2) o tipo de Homem que prometeu estar
com você (Mateus 28:20); 3) o tipo de Homem que
lhe dá força (Efésios 3:16); 4) o tipo de Homem que
converte o mal em bem (Romanos 8:28); 5) em resumo,
o tipo de Homem que pode acalmar as tempestades
no seu peito com a mesma facilidade com que
acalmou a tempestade no mar.
Aqui estão outros possíveis títulos para um sermão
sobre essa história: “Não te importa que pereçamos?”,
“Acalma-te, emudece” ou “Sossegai”.
Também já se pregaram muitos sermões baseados
em segmentos do texto estudado nesta lição. Alguns
já usaram o fato de os discípulos terem aceitado
Jesus “assim como estava” (Marcos 4:36) para enfatizar
que devemos aceitar Jesus, Sua igreja e Seu ensino
“assim como estão” explicados na Bíblia. (Se usar
esta idéia, tenha o cuidado de explicar bem o sentido
do texto.) As palavras de Cristo sobre a necessidade
de “um médico” (Mateus 9:12) também já inspiraram
muitos sermões sobre “o Médico dos médicos”.
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